Vivemos em um período de crescente tensão entre os EUA e a
China que abrange diversas frentes; desde questões comerciais até importantes
questões geopolíticas relativas ao domínio naval do mar do sul da China.
Nesta batalha, que começou a ganhar corpo nos últimos meses, a
importância de ser o detentor de uma moeda de reserva global dá aos EUA uma
enorme vantagem. Até este momento, mais de 90% de todas as transações
comerciais registradas no globo são denominadas em dólares norte-americanos.
Críticos afirmam que tal fato permite que os americanos
gastem mais do que arrecadam, pois podem sempre emitir novas moedas para honrar
com suas obrigações. De fato, os americanos vem poupando muito pouco, e com uma demografia adversa, as perspectivas de uma reversão deste cenário são sombrias; os gastos com saúde dos americanos (17% do PIB) estão bem à frente do resto mundo.
Diante deste cenário e de uma nova dinâmica pós-crise de 2008, onde os diversos bancos centrais embarcaram em um processo inusitado de expansão monetária, o resto do mundo passou a questionar a liderança inquestionável da moeda americana como reserva global. Apesar de uma certa "inveja" do resto do mundo, poucos países reúnem as condições necessárias para rivalizar com os EUA.
A China, com seu vasto território e imensa população, parece
disposta a enfrentar este desafio. Sua moeda ainda está distante de ser uma
referência global: transações em iuanes representam menos de 2% do volume
global.
Mesmo assim, o USD vem sofrendo derrotas pontuais.
Recentemente, tanto a China como a Rússia passaram a negociar
barris de petróleo denominados em iuanes. Já o Irã, como forma de pressionar
os EUA a renovar o acordo que favorece o país, passou a denominar seu "ouro
negro" em euros.
O fato é que apesar de estar vivendo um dos mais longos
períodos expansionistas de sua história, crescem as vulnerabilidades na
economia americana. Os asiáticos sabem muito bem disso e estão prontos para
tirar proveito da situação de forma estratégica.
Recentemente, os chineses criaram um banco de infraestrutura e
desenvolvimento para rivalizar com o banco mundial. Em paralelo, vem oferecendo
linhas de swap com diversas nações asiáticas, tornando-se assim, um financiador
de última instância.
Críticos afirmam que a falta de conversibilidade do iuane representa um grande impeditivo para as ambições chinesas. Entretanto,
especialistas na região, dizem que a China poderia resolver tal questão
facilmente ao atrelar sua moeda ao ouro. Algo que alguns já afirmam estar em
curso, uma vez que os chineses e russos são vistos como grandes compradores do
metal.