Eleição americana - update

03/06/2020

Joe Biden será oficialmente indicado como o representante democrata ainda neste mês de junho. Especula-se neste momento a respeito de quem irá acompanhá-lo nesta jornada como candidato a vice-presidente em sua chapa. Embora já esteja definido que será uma mulher, as recentes manifestações contra o racismo nos EUA podem exercer uma importante influência nesta decisão.

Como venho enfatizando em meus comentários prévios a respeito deste tema, para os democratas o mais importante é fazer com que a participação do eleitorado cresça com relação ao nível registrado em 2016. Sendo assim, há quem acredite que uma boa forma de se atingir este objetivo é fazer com que Biden escolha uma parceira que seja negra. Kamala Harris, promotora da California que disputou as primárias com Biden, se apresenta como uma alternativa interessante.

Já para o incumbente, Donald Trump, o mais importante parece ser a retomada da economia. Como sabemos, recessões tendem a atrapalhar aquele que está no poder, como ocorreu com Jimmy Carter em 1980 e George Bush em 1992. Além disso, Trump luta para que não seja permitida a votação através do correio - uma iniciativa muito discutida em meio a pandemia.

Embora ainda estejamos um tanto distantes do ruído das eleições, a empresa RealClearPolitics fez uma pesquisa com eleitores e concluiu que nos 6 estados conhecidos como "campos de batalha" (em inglês, "battle states"), Trump está perdendo em 5 deles, ganhando somente em um deles - o estado da Carolina do Norte. Nos outros estados (Florida, Pensilvânia, Michigan, Arizona e Wisconsin) Biden lidera com uma vantagem razoável.

Mas o que tudo isso importa para um mercado de ações que tem o FED ao seu lado? Perguntaria o cético.

Bem, é comum que os mercados ignorem o ruído eleitoral por um tempo, até que, em um determinado momento - normalmente faltando 3 meses para eleição - um certo nervosismo se instaura e a volatilidade implícita nos contratos derivativos dispara.

Há razões para acreditar que desta vez não será diferente.

Por isso, considerando que os mercados dispararam nas últimas semanas, talvez seja uma boa hora para o investidor assumir uma postura mais defensiva. Por mais que o mercado local aparente ter entrado em tendência de alta, temos muitas ações negociando a múltiplos expressivos, de forma que hoje a bolsa pode estar mais cara do que estava em janeiro, apesar de negociar 20% abaixo do nível registrado naquela ocasião. Ocorre que o cenário econômico mudou radicalmente com saltos no desemprego e na inadimplência que certamente contribuirão para uma expressiva queda na lucratividade das principais empresas do Ibovespa.

Marink Martins

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