E se a eleição nos EUA for decidida através do correio?

23/04/2020

Este é um cenário que ganha espaço na política americana, e que certamente provocará um embate entre democratas e republicanos, que deverá ocorrer nas próximas semanas. Trump é definitivamente contra esta alternativa pois ela representaria uma maior participação do eleitorado ("voter turnout"), algo que não o favorece. Em dezembro/19 escrevi um artigo que foi publicado no Money Times argumentando que o grande inimigo de Trump é o tal do "voter turnout" (leia ao clicar aqui)

O voto enviado através do correio já é uma realidade em 5 estados americanos. Uma pesquisa realizada na semana passada pelo Wall Street Journal/NBC concluiu que 67% dos eleitores americanos são a favor de uma alteração na legislação que permita este método de votação em todo o país.

Como não poderia ser diferente, há uma polarização quanto a esta questão, com 82% dos eleitores democratas a favor da alteração contra somente 31% entre os eleitores republicanos. Os eleitores sabem que quanto mais conveniente for o processo eleitoral menores são as chances de reeleição de um candidato polêmico como Donald Trump. O atual presidente americano conta com uma elevada rejeição de acordo com o site 538 do famoso estatístico Nate Silver.

Por isso, espera-se que a questão do "mail-in vote" seja um tema que gere bastante discussão entre os políticos americanos. A crise atual vem contando com um esforço conjunto de democratas e republicanos para aprovar diversas medidas de apoio a economia do país. Acredito que é uma questão de dias ou semanas para que surjam desavenças partidárias que marcarão o início de uma intensa batalha até o dia 3 de novembro deste ano.

E quando isso ocorrer, acredito que não só o índice S&P 500 irá acusar o golpe, mas todos os índices globais -- incluindo o Ibovespa - deverão sofrer em solidariedade; como quase sempre acontece.

E vou além. Acredito que quando o mercado começar a precificar uma maior possibilidade de descontinuidade política nos EUA, o tema "dominância fiscal" deverá ganhar relevância no debate econômico. Como consequência devemos ver uma maior volatilidade cambial na relação entre moedas de países desenvolvidos e o retorno da aversão ao risco em todo o mundo.

Marink Martins 

www.myvol.com.br