Eles querem me ferrar, talquei!

25/05/2020

Depois do "casamento entre os poderes" que assistimos quinta-fera, na sexta-feira recebemos a notícia de que o ministro do STF Celso de Mello enviou para a PGR as três queixas-crimes apresentadas por partidos políticos contra o presidente. Nas medidas estão o depoimento do presidente e a apreensão dos celulares de Bolsonaro e de seu filho Carlos. Caberá a Augusto Aras, na PGR, a apuração dos fatos. E também nos deparamos com a "bomba" do vídeo da reunião ministerial.

O alvoroço causado pela saída do ex ministro Sérgio Moro já causou um racha na aprovação popular do presidente, cuja avaliação de "ruim/péssimo" já bate nos 50% dos entrevistados pela última pesquisa XP/IPESPE, divulgada nesta segunda-feira. A dança das cadeiras no Ministério da Saúde só fez piorar esse número.

Ao mesmo tempo em que alguns só viram no vídeo a prova que Moro apresentou de que Bolsonaro estaria interferindo na Polícia Federal de maneira escusa - muitos viram o que os agradou: o presidente e seus ministros sendo "diretos e retos" com o mesmo discurso que os elegeu. Por mais que os desagradados pelo vídeo não gostem, a postura dos representados ali é a mesma, aparentemente, dentro e fora das câmeras.

Sobre o procedimento de envio da queixa crime para a PGR, por mais que pareça o protocolar, o presidente pode, novamente, usar do ocorrido para dizer que está sendo atacado pelo poder Judiciário, causando novamente mais um desentendimento entre ele e o Legislativo, que se mostra favorável às intervenções do STF. A carta divulgada pelo General Heleno deixou bem claro a intenção dos militares em usar de medidas drásticas caso julguem necessário. Não penso que isto chegue a uma ruptura institucional, mas o descumprimento de decisões do STF, caso o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), comandado por Heleno, julgue necessário.

Com a avaliação positiva em queda, por mais que o discurso do presidente agrade seus apoiadores mais fiéis, no momento, pesa contra o presidente que o mesmo pareça pouco empenhado em combater a pandemia do coronavirus. Ao invés disso, parece minimizar a situação, o que não o ajuda, nem nos ajuda. Quem mais se beneficia desta falta de comunicação do presidente são justamente os governadores que mais se opõem a ele, Dória e Witzel. Dória - que adora um microfone, mais ainda.

Mas, para a sorte de Bolsonaro, Doria e Witzel, em seus estados, já possuem problemas a se preocuparem - deputados dos dois estados começam a pedir o impeachment dos governadores, o que os queimaria muito politicamente para tentarem qualquer eleição ao cargo presidencial.

O meu palpite no momento é: com três semanas a mais de quarentena, a total "razão" deixa de ser dos governadores, pois a asfixia econômica tanto alardeada pelo presidente começa a arranhar um percentual grande da população. Não vamos esquecer que já somos um país miserável. Pois o exército de desempregados irá procurar um culpado - por mais que o culpado seja o vírus. Aí chegamos em Paulo Guedes, que possui dois prováveis papéis: ou será o salvador da pátria após a reabertura econômica, ou o ministro que ficou famoso por negar 200 reais para os brasileiros passando fome. Isso... se ele aguentar até lá. Adeus ao teto de gastos!


Mariana Ratão 

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