Em homenagem a ganhos incrementais

02/05/2024

Desde o início do Lula 3 (mais precisamente no vencimento do contrato futuro do IBOV de dezembro de 2022) venho buscando transmitir a ideia de que uma "outperformance" do IBOV em relação ao S&P 500 é iminente. Ainda que sofrida, tal "outperformance" se materializou em 2023. Já em 2024, este "trade" vem "apanhando", mas nos últimos dias surgiram alguns sinais encorajadores.

Neste sentido, resgatei o texto abaixo associado a um programa feito pela equipe do Freakonomics. Ele nos fala sobre a importância de ganhos incrementais. Ela nos fala que melhorias ocorrem de forma gradual.

"In praise of incrementalism : Marginal Gains can become huge improvements

Business success is rarely "the next big thing". More often than-not it's a constant series of incremental improvements that in aggregate can lead to tremendous gains."

O que é curioso é que a ideia acima -- utilizada com frequência para se falar de negócios -- quando remetida a bolsa de valores e valorizações nos preços de ações e índices, dialoga diretamente com o conceito de "momentum". Afinal, esta expressão que denota a manutenção e intensificação de uma determinada tendência (seja ela de alta ou de baixa), quando medida tecnicamente, tem tudo a ver com melhorias (em casos de valorizações) e deteriorações (em casos de desvalorizações) graduais. Os mercados refletem a vida intensamente e, por aqui, tudo ocorre na margem.

Assim, de forma gradual, os ativos brasileiros parecem ganhar um "bid" (ordens de compra) mais sustentável. A questão da Petrobras parece ter sido superada. A questão fiscal, quando analisada de forma relativa, não chega a tirar o nosso sono. O preço do minério voltou a subir e a China emite alguns sinais animadores.

Na terça-feira, houve o anúncio de que o Partido Comunista Chinês realizará um encontro ("Third Plenum") durante o mês de julho para endereçar questões econômicas voltadas à "derrocada" vista no setor imobiliário e de construção civil. O anúncio deixou estrategistas animados. Por lá, há certamente melhorias ocorrendo "na margem". A alta acumulada nas ações ("H-Shares") negociadas em Hong Kong já é de 28% quando comparada à mínima registrada no dia 22/janeiro deste ano. Na terça-feira brinquei com um amigo ao dizer o seguinte em relação a valorização nas ações chinesas: In "canetadas" We Trust!!! (eu disse isso em referência a diversas medidas tomadas pela "CVM" chinesa que contribuíram para estabelecer uma espécie de "piso" para as ações domésticas).

Além da China, afirmo que o Brasil avança apesar do tremendo pessimismo que parece inundar a mente de analistas, jornalistas e economistas! Os resultados corporativos melhoram aos poucos (Olha o Bradescão voltando aí). Na terça-feira, a EPE indicou que tivemos o maior consumo de energia elétrica dos últimos 20 anos. Está certo que parte dos ganhos foi atribuída ao consumo residencial, motivada pelo calor. Todavia, tanto o comércio como a indústria apresentaram crescimento nos últimos 12 meses.

E a Moody´s hein? Ela finalmente melhorou a perspectiva do país e tem agora o "rating" do Brasil alinhado com os da Fitch e da S&P.

Reitero que a bolsa brasileira, historicamente, sobe em meio a pessimismo. Na entrevista concedida por RCN a William Waack (CNN) esta semana foi notório o viés pessimista do jornalista ao perguntar ao presidente do BC a respeito dos problemas fiscais do Brasil.

Não há dúvida que a situação fiscal do Brasil é problemática. Foi sempre assim, e sempre será. Na opinião de economistas, o Brasil estará sempre caminhando para o precipício da dominância fiscal. Assim, finalizo aqui pela "enésima" com a resposta que recebi de Luís Carlos Mendonça de Barros após ter publicado um comentário em 2016 a respeito do intenso debate dele com o economista pessimista Alexandre Schwartzman (Painel com William Waack, Globonews, 2016):

Em 2016, pequei pelo meu excesso de pessimismo. Em 2023/2024, não mais. Em se tratando de bolsa de valores, é perigoso ser extremamente pessimista em um país cujos ativos estão "baratos" e a relação M2/M1 está em 9x!!! Penso que é tempo de "outperformance". Avisem a Mrs. Watanabe!

Marink Martins


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