Enquanto Trump ataca a China, Biden ataca a Amazon

22/05/2020

Confesso que estou ansioso diante da eleição presidencial que se aproxima. Vivemos um momento de transição peculiar em que a principal economia do planeta, a dos EUA, enfrenta os maiores desafios de sua existência.

Está certo que Wall Street vem se mostrando extremamente resiliente nesta crise. "MainStreet" (a economia real), entretanto, já não pode dizer o mesmo. São 34 milhões de pessoas desempregadas em uma economia que ainda não reflete, de forma clara, o incipiente movimento de des-globalização e digitalização dos serviços.

Embora o processo de digitalização se mostra interessante para alguns, é extremamente maléfico quando se trata da busca pelo pleno emprego. Como exemplo, podemos citar na área de advertising o fato de que a Facebook produz mais com um quarto dos funcionários da empresa WPP - conglomerado que foi peso pesado neste setor.

Já o processo de des-globalização, caso se materialize, vem sempre acompanhado de tensões geopolíticas que, neste momento, não parecem estar refletidas na precificação das ações.

Tudo isso não só está em curso e será determinante na eleição a ser realizada no dia 03/11. Trump já elegeu a China como bode expiatório e ameaça suspender o USA-Hong Kong Act de 1992 caso o gigante asiático decida intervir no que é conhecido como "One Country Two Systems" que dá liberdade jurídica ao arquipélago.

Biden, por outro lado, prefere atacar as gigantes do mundo digital. Nesta manhã, o candidato democrata disparou sua artilharia contra a Amazon de Jeff Bezos.

O fato é que os mercados muitas vezes demoram a refletir riscos que estão ali na frente. Nesta semana vivemos uma espécie de rally associado a redução de um importante risco de cauda: o problema com o euro.

Hoje temos um mercado que parece começar a refletir não só um maior risco geopolítico, mas também o risco de o processo de reabertura tende a ser mais lento do que projetado por Wall Street.

Aqui no Brasil as ações da Petrobras são destaques de queda nesta sexta-feira. Ontem escrevi sobre como o último vencimento de opções foi frustrante para os "vendidos".

Após alguns dias de "calor" no vendido, é provável que as ações da Petrobras voltem a refletir as preocupações que fizeram com que o preço de suas ações caísse logo após a divulgação do resultado do primeiro trimestre. Sabe-se que o segundo trimestre será feio. Isso é uma certeza não só para a Petrobras, mas para todas as empresas listadas. 

Marink Martins

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