Entenda o impacto da guerra comercial no índice S&P 500

02/08/2018

Conforme mencionado inúmeras vezes por aqui, a guerra comercial sino-americana está somente em seu início. Sabe-se que, por trás da imposição de tarifas, há um interesse norte-americano de soberania nacional de conter os avanços chineses na área de tecnologia. Em particular, a iniciativa dos EUA, muito influenciada pelo idealismo do Diretor do "National Trade Council", Peter Navarro, é uma de desmantelar o projeto chinês conhecido como "Made in China 2025" que promete alçar o país em uma nova era, dominada por avanços na área de inteligência artificial.

Após rumores de que líderes de ambos os governos estavam caminhando em direção a uma conciliação, Trump elevou o tom e mencionou a possibilidade de elevar as tarifas sobre produtos importados da China de 10% para 25%.

O curioso é que tudo isso ocorre justamente em um momento em que o presidente americano se sente pressionado pelas investigações internas a respeito de manipulação russa nas eleições que o levaram ao poder em 2016. Ontem, em mais um de seus "tweets" ordenou que o procurador geral da república, Jeff Sessions, demitisse Robert Mueller, responsável pelo processo investigativo, alegando que este está em uma posição conflitante que o deixa incapaz de conduzir tal tarefa com isenção.

Bem, e qual seria o impacto desta intensificação nas tensões comerciais no que diz respeito ao comportamento das bolsas?

Um relatório recém-publicado pelo Banco Goldman Sachs estima que o lucro projetado consolidado (12 meses) para as empresas que compõem o índice S&P 500 é de US$172,00. Se considerarmos que o índice está negociando por volta de 2.800 pontos, temos uma relação de (Preço/Lucro Projetado) de 16,5; um patamar razoável.

Agora, diante desta intensificação, o banco americano estima que tal lucro projetado poderá cair para US$145,00, fruto de maiores incertezas econômicas que afetarão diretamente as margens de lucros das empresas envolvidas.

Caso isso de fato ocorra, aquela relação de (Preço/Lucro Projetado) se aproxima de 20x, um patamar que certamente tira o sono de muitos gestores globais.

Por tudo isso, você investidor, deve buscar ficar sintonizado em tudo que acontece nesta batalha que tem tudo para ficar um pouco mais dramática a medida que nos aproximamos da data das eleições do "mid-term" norte-americano que deverá ocorrer no dia 6 de novembro deste ano.

Marink Martins


Confesso estar com saudades de um mercado focado em questões microeconômicas. Do dia 27 de fevereiro para cá, entramos em uma onda ruim na qual o ruído político passou a ser o fator mais impactante no mercado de ações doméstico. Entramos em um mercado focado no "macro", à mercê do que é dito em Brasília.

Há momentos nos mercados em que os preços se deslocam de forma tão surpreendente que os agentes e a mídia financeira ficam simplesmente perplexos. Como consequência, passamos a ler e ouvir explicações para os surpreendentes movimentos que soam como meras simplificações em meio a algo que é certamente complexo.

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