Conforme mencionado inúmeras vezes por aqui, a guerra
comercial sino-americana está somente em seu início. Sabe-se que, por trás da
imposição de tarifas, há um interesse norte-americano de soberania nacional de
conter os avanços chineses na área de tecnologia. Em particular, a iniciativa
dos EUA, muito influenciada pelo idealismo do Diretor do "National Trade
Council", Peter Navarro, é uma de desmantelar o projeto chinês conhecido como "Made
in China 2025" que promete alçar o país em uma nova era, dominada por avanços
na área de inteligência artificial.
Após rumores de que líderes de ambos os governos estavam
caminhando em direção a uma conciliação, Trump elevou o tom e mencionou a
possibilidade de elevar as tarifas sobre produtos importados da China de 10%
para 25%.
O curioso é que tudo isso ocorre justamente em um momento em
que o presidente americano se sente pressionado pelas investigações internas a
respeito de manipulação russa nas eleições que o levaram ao poder em 2016. Ontem,
em mais um de seus "tweets" ordenou que o procurador geral da república, Jeff
Sessions, demitisse Robert Mueller, responsável pelo processo investigativo,
alegando que este está em uma posição conflitante que o deixa incapaz de
conduzir tal tarefa com isenção.
Bem, e qual seria o impacto desta intensificação nas tensões
comerciais no que diz respeito ao comportamento das bolsas?
Um relatório recém-publicado pelo Banco Goldman Sachs estima
que o lucro projetado consolidado (12 meses) para as empresas que compõem o
índice S&P 500 é de US$172,00. Se considerarmos que o índice está
negociando por volta de 2.800 pontos, temos uma relação de (Preço/Lucro Projetado)
de 16,5; um patamar razoável.
Agora, diante desta intensificação, o banco americano estima
que tal lucro projetado poderá cair para US$145,00, fruto de maiores incertezas
econômicas que afetarão diretamente as margens de lucros das empresas
envolvidas.
Caso isso de fato ocorra, aquela relação de (Preço/Lucro Projetado)
se aproxima de 20x, um patamar que certamente tira o sono de muitos gestores
globais.
Por tudo isso, você investidor, deve buscar ficar sintonizado
em tudo que acontece nesta batalha que tem tudo para ficar um pouco mais
dramática a medida que nos aproximamos da data das eleições do "mid-term"
norte-americano que deverá ocorrer no dia 6 de novembro deste ano.
Marink Martins