Escapando de enrascadas no mercado (Parte 1)

10/07/2019

O que é mais determinante para o sucesso no longo prazo?

  • A escolha de ativos vencedores
  • Escapar de ativos perdedores

Louis-Vincent Gave argumenta que a segunda alternativa é menos trabalhosa. Volto com uma das tabelas mais fascinantes publicadas pela Gavekal; desta vez atualizada para refletir a euforia do momento.

Abaixo, uma lista com as empresas listadas mais valiosas no fim de cada década. A posteriori, temos o benefício de uma bela narrativa como justificativa para um comportamento marcante em cada período de análise.

Como podemos observar, "shortear" as "estrelas" da década anterior se provou interessante. Será que desta vez será diferente?

Nos anos 80, com o benefício da história já apresentada e organizada, pode-se dizer que "se deu bem" aquele que evitou ativos relacionados ao setor de energia. Já nos anos 90, o lema foi não ter ativos japoneses em carteira; em particular ações de bancos.

Aqui vale uma nota pessoal: fui para os EUA em 1991; era uma época dominada por TQM ("Total Quality Management"). Só se falava em plano Deming (Toyota), Akio Morita (Sony). Um Honda Accord era 20x melhor do que um Ford Taurus! O japonês era idealizado assim como o trabalhador do Vale do Silício é nos dias de hoje.

No auge da bolha japonesa, as ações japonesas representavam 45% da carteira global do MSCI!!! Aqueles que foram corajosos e evitaram tais ações, brilharam!

Uma imagem que guardei em minha memória - a falência da corretora Yamaichi em 1997. A corretora era cliente do Banco Bozano Simonsen durante o período em que eu atuei pela instituição.

No início do século 21 o nome do jogo era evitar os EUA ("new economy stocks"); em particular, o setor de tecnologia/media/telecom (internet)(TMT). Aqui vale destacar também que o setor de TMT americano na ocasião representava mais do que 1/3 da carteira global da MSCI! Quem conseguiu evitar o "crash", passou 10 anos de férias, rsrs!

Já nesta última década, aqueles que se desfizeram de ações chinesas e de ações de empresas do setor de commodities riram à toa. Acreditava-se que a demanda chinesa por commodities levaria a situações de pico na área de petróleo, de metais, de alimentos, etc. Aqui não posso deixar de mencionar que a operação de capitalização da Petrobras ocorreu em um preço por ação próximo ao patamar atual de preço do papel - quase 10 anos depois!

E chegamos aos dias de hoje.

Imaginemos aqui um investidor fictício, chegando de férias após ter passado 10 anos desconectado de tudo. Ele observa as seguintes premissas presentes nos mercados:

  • Apesar dos esforços dos bancos centrais, a deflação chegou para ficar; quem sabe para sempre!
  • Em meio a um mundo que se desacelera, a única forma de gerar retornos relevantes é comprando ações de grandes empresas do setor de tecnologia que desfrutam de um "monopólio" associado à sua respectiva escala e grau de conectividade. O fato de algumas delas já serem enormes não representa um problema em um mundo globalizado e conectado.
  • No mundo de hoje o que mais importa não é a posse de ativos reais como minas, poços de petróleo e outros. O que realmente vale é a posse da propriedade intelectual!
  • Apesar dos EUA estarem registrando enormes déficits fiscais em seu décimo ano de expansão econômica (isso é inusitado!), o país ainda é considerado "a camisa mais limpa em um cesto de roupas sujas". Assim, os investidores devem manter o seu otimismo em ativos dolarizados.

Assim, com base nas premissas acima chegamos a um ponto onde quase todas as empresas - na lista entre as maiores da década - são americanas. Sete delas são empresas de tecnologia. Além disso, as ações americanas representam hoje 56% da carteira global da MSCI. Observe que a capitalização total do setor bancário europeu é inferior a capitalização do Banco JP Morgan. Para finalizar a lista de aberrações, o volume financeiro diário negociado das ações da Amazon vem superando o volume diário negociado em toda a bolsa de Hong Kong.

Neste momento ainda não temos o benefício da história para falarmos com clareza a respeito do que está em curso. Sendo assim, é possível que o investidor fictício mencionado acima, observe em 2030, que todas as 10 empresas do top 10 sejam empresas americanas do setor de tecnologia; quem sabe representando 65% da carteira MSCI global.

Isso certamente é uma possibilidade. Entretanto, os estrategistas que sigo apresentam bons argumentos em uma direção oposta.

Irei te enviar tais argumentos ainda hoje, em um texto em separado. Antes disso, gostaria de te fazer a seguinte pergunta:

Você gostaria de manter um contato direto com o MyVOL através do Whatsapp? Seria um canal unidirecional em que eu compartilharia, via voz, algumas ideias, notícias, ou análises relevantes que possam afetar os seus investimentos. Seria um canal usado de forma seletiva. Não se trata aqui de grupo de whatsapp. Não tenho intenção de te bombardear com mensagens frequentes e inúteis. 

Caso você tenha interesse, te peço o seguinte favor:

Envie um email agora com seu nome, sobrenome e número de celular com ddd para marinkmartins@gmail.com 

Estou trabalhando na segunda parte deste importante texto e vou te enviar assim que possível.

Marink Martins


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