Estamos perdendo o "gluon econômico" que nos mantém unidos.

19/06/2018

Tudo começa com um problema existencial que leva a um sentimento de insatisfação. A partir daí atitudes unilaterais contribuem para destruir uma espécie de cola invisível que, através da sua magia, fazia com que 1 + 1 fosse igual a 3.

É curioso que este efeito se faz presente em diversas partes da vida. Seja através dos "gluons" no mundo da física ou através das sinergias no mundo corporativo.

O fato é que Donald Trump é filho da crescente insatisfação norte-americana. Insatisfação perfeitamente explicada pelo professor da Universidade de Chicago Luigi Zingales, no evento anual organizado pela B3 em Campos de Jordão durante o ano de 2017.

Trump não foi alçado ao poder para fazer a América crescer, mas sim como uma reação defensiva daquele que, ao olhar-se através do espelho, já não se reconhece mais. Está certo que isso não é um problema exclusivo dos EUA, mas eles representam a parte mais importante de uma "máquina" que faz o mundo econômico girar.

Dito isso, as diversas conquistas comerciais que contribuíram para uma melhor condição de vida ao redor do mundo correm o risco de enfrentar um possível retrocesso.

A transição do GAAT para o WTO, o surgimento do NAFTA, a união europeia e o estabelecimento de uma moeda única, a entrada da China no WTO, tudo isso contribuiu para um período de expansão econômica sem precedentes.

Só que Trump veio para brigar, para defender. Dizer que ele está completamente errado é também ignorar que os EUA enfrentam problemas internos sérios e ameaçadores.

No pós-guerra as tarifas que incidiam sobre produtos importados pelos EUA caíram, em média, de 10% para 3%. Nas últimas décadas, através de avanços tecnológicos e com a vinda da China ao mercado, a corrente de comércio global cresceu a um ritmo que fora o dobro do crescimento do PIB global.

Chegamos a um ponto deste ciclo onde a população mundial está prestes a descobrir que o ponto de sinergia máxima ficou para trás.

No que diz respeito aos nossos interesses no mercado de capitais, devemos assumir uma postura defensiva. Grandes conglomerados como Caterpillar, Boeing e outros poderão sofrer ataques especulativos caso as tensões se agravem.

De imediato, devemos ficar atentos as negociações com relação ao NAFTA. Caso tal acordo seja abortado, as repercussões tendem a ser extremamente negativas para corrente de comércio global.

Neste sentido o preço do OURO passa a ser um importante termômetro do que está por vir. Uma valorização desta que é vista como um ativo de proteção indicará a direção para onde caminha o "smart money".

Marink Martins


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