Estrangeiro não é otário!!!

A mídia financeira não para de fazer alarde no que diz respeito à falta de apetite dos investidores estrangeiros. Foi publicado ontem no Valor Econômico:

A reportagem diz que a combinação de políticas estatizantes do atual governo unidas ao baixo crescimento econômico na China fazem com que os estrangeiros optem por ficar de fora da bolsa brasileira, apesar da atrativa precificação dos ativos.

Confesso que tem algo aí que eu simplesmente não entendo. Como podemos ficar lamentando a saída de um pouco mais de 20 bilhões de reais dos investidores estrangeiros em meio aos números apresentados mensalmente pelo Banco Central do Brasil.

Temos um M2 de quase 6 trilhões de reais!!! Isso contra um M1 que é 1/10 deste valor. Assim, temos um relação M2/M1 que se aproxima de um múltiplo de 10x!!! Sabe qual era esta relação no período pré-pandêmico? Te respondo através de uma tabela que eu mesmo preparei:

Observe que os números dos agregados monetários dos EUA foram impactados por uma nova metodologia de cálculo de M1 realizada no auge do período pandêmico. Mesmo assim, tivemos no Brasil algo difícil de digerir. Está certo que uma parte da expansão da relação M2/M1 pode ser explicada pelo conceito de "financial deepening" explorado por André Esteves, do BTG Pactual.

O fato é que se há um problema de falta de apetite para ações brasileiras, este problema é do próprio brasileiro. O investidor global está super ocupado negociando ações de grandes empresas, especulando em criptomoedas, e comprando commodities.

Por aqui, parece que a bolsa caiu em uma espécie de ostracismo. Tudo isso vem deixando investidores, especuladores e, até mesmo, agentes autônomos um tanto deprimidos. Parece que está todo mundo ouvindo "Confortably Numb" do Pink Floyd...

Estrangeiro não é otário! É preciso que o brasileiro tome coragem e dê o exemplo. "Build and they will come!" no espírito do filme Campo dos Sonhos. No mais, é melhor parar com o chororô!!!

Marink Martins