Evento Empiricus - Highlights

09/11/2017

Conforme prometido ontem, hoje escrevo sobre o que ocorreu de destaque no evento comemorativo de 8 anos da Empiricus que contou com a participação de 3 renomados professores: Pondé, Giannetti e Taleb.

Luis Felipe Pondé

O professor Luis Felipe Pondé, filósofo, explorou o tema ambiguidade e discursou sobre diversas mudanças comportamentais entre os nossos jovens. Assunto este extremamente pertinente quando se fala de novas tendências relacionadas a consumo. Sabe-se que vivemos um momento de transformação onde privilegia-se o sentimento de "experiência" em contrapartida ao sentimento de "propriedade". Comprar um carro, uma casa própria, é hoje uma tarefa mais árdua do que no passado. Seja por uma maior escassez, seja por um maior nível de competitividade no mercado de trabalho. Mas, é fato que o jovem demora mais a sair das casas de seus pais e depende cada vez mais de tecnologias como a oferecida pela UBER. O advento do Smartphone, por um outro lado, permite ao jovem registrar e compartilhar "momentos" que geram um sentimento de gratificação antes somente obtido através da propriedade de determinados objetos.

Como será o comportamento deste jovens ao entrar no mercado de trabalho?, é certamente uma fonte de preocupação. O jovem de hoje idealiza e se diz movido por causas mais nobres. Será que estes "millenials" estarão preparados para enfrentar as adversidades de um mercado de trabalho mais competitivo? Estas e outras perguntas da mesma natureza fizeram da palestra de Pondé um momento extremamente agradável aos participantes presentes no evento.

Eduardo Giannetti

Sua palestra, como de praxe, foi sensacional, retratando um Brasil que começa a sair de um dos mais longos períodos de recessão de sua história. Giannetti começou destacando 4 pontos, sendo 2 considerados bons, e outros não tão bons assim:

1. Finalmente saímos da recessão: Após 8 trimestres consecutivos de PIB registrando variação negativa, finalmente, caminhamos para o terceiro trimestre de crescimento. "Onde estaríamos hoje caso não tivéssemos o impeachment de Dilma Roussef?" foi o destaque ao falar deste tópico.

2. Vivemos um teste de Stress, e sobrevivemos: Aqui, Giannetti fala a respeito do comportamento dos mercados após o vazamento da gravação de Joesley comprometendo tanto o Temer como o Aécio. O professor reconhece que a reação dos mercados poderia ter sido mais profunda e duradoura.

3. Recuperação cíclica ou crescimento sustentável? O que temos hoje é uma recuperação cíclica. O Brasil não conseguiu promover mudanças estruturais importantes que permitisse um crescimento sustentável. Sendo assim, o que temos no momento é um repique da economia que se recupera de um longo período de recuperação.

4. Erro estratégico de Temer: Na opinião do professor, Temer deveria ter priorizado a reforma da previdência e ter usado seu capital político de forma mais eficiente. A reforma da previdência deveria ter vindo antes do projeto de estabelecimento de teto aos gastos. Especula-se que o governo Temer "acabou" no que diz respeito a sua capacidade de promover reformas estruturais.

Ao longo de seu discurso, Giannetti deixou claro que todos os governos no Brasil, desde 1988, contribuíram para um aumento na carga tributária. Se no começo tal carga estava em 24% do PIB, hoje ela encontra-se em 35%. O percentual destinado a formação bruta de capital fixo, que é o que faz diferença para o país no que tange a sua capacidade de produzir de forma eficiente, caiu de 3% para 2,5%, apesar do aumento da carga tributária. O professor também destaca que 44% da renda nacional está associada aos gastos do Estado. Destes, 13% refere-se a gastos com previdência e de 6 a 10% a gastos com juros. O que o governo faz com o restante? (os outros 25% do PIB arrecadados). Sabemos que o governo gasta muito e gasta mal!!!

Sobre a eleição presidencial, Giannetti expressou suas dúvidas se teremos um cenário de polarização (Lula vs. Anti-Lula) ou um cenário de pulverização, mais parecido com a eleição de 1989 na qual tivemos 17 candidatos. Naturalmente, sua preferência é pelo segundo cenário pois permitirá um debate mais construtivista. Ele ressaltou que, mais importante do que o candidato em si, está a sua capacidade de montar uma equipe de alta qualidade, citando aqui o exemplo do próprio governo atual (Meirelles, Ilan, Parente, etc.).

Amanhã concluirei esta análise ao falar um pouco sobre a apresentação de Nassim Taleb.

Marink Martins, CNPI

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