Excessos no mercado

20/02/2020

Após um dia de elevado volume e forte especulação, os agentes de mercado param e questionam se a recente apreciação das bolsas globais faz algum sentido.

Tan Kai Xian, o jovem estrategista da casa de pesquisa Gavekal tem sido um otimista com os ativos norte-americanos devido ao fato do retorno das empresas se manter confortavelmente acima dos seus respectivos custos de capital. Além disso, a ala otimista da Gavekal considera que a redução de juros feita em 2019 já começa a mostrar sinais favoráveis no mercado imobiliário americano.

Dito isso, o próprio estrategista - em artigo publicado hoje - nos chama atenção ao fato de que há um exagero no comportamento dos investidores. Ele nos diz que os resultados divulgados no quarto trimestre de 2019 nos mostram um crescimento na lucratividade de somente 1,6% quando comparados com o mesmo período de 2018. Sendo assim ele diz que as ações norte-americanas estão vulneráveis no curto prazo aos seguintes fatores:

  • Redução no nível de recompra de ações: há uma forte correlação entre crescimento do lucro e volume de recompra de ações.
  • Possibilidade de redução de estimativas de lucros para 2020: as estimativas estão, em sua opinião, otimistas demais e devem convergir para uma estimativa mais baixa.
  • Possibilidade de deterioração dos créditos corporativos: recentemente, a famosa loja Macy's teve sua classificação de risco rebaixada para grau especulativo. O setor petrolífero já está em grande parte com uma classificação especulativa. Este ponto levantado pelo estrategista trata-se de um fenômeno, conhecido em inglês, como "Falling angel".

Ontem o noticiário deu ênfase as especulações com as ações da empresa Virgin Galactic que subiam 16% e já contavam com valor de mercado de US$8 bi, sem ter receita alguma.


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Aqui no Brasil, os investidores se entusiasmavam com as ações da WEG que, embora lucrativa, negocia a um múltiplo de 63x o lucro do último ano. A empresa é diversificada e deriva boa parte de sua receita dos EUA - uma economia que pode estar em fim de ciclo expansionista.

Além disso tudo, é grande o número de casas de análises publicando gráficos que ilustram a queda na atividade econômica na China durante os dias após a pausa em comemoração do ano novo lunar. O mês de março representará um grande desafio para as pequenas empresas localizadas na China. Muitas não dispõem de liquidez suficiente para superar as adversidades.

No gráfico acima, observamos que o consumo de energia na China está longe da média devido a crise epidêmica vivida pelo país. Isso deverá impactar a economia negativamente nos próximos meses.

Enquanto isso, os bancos centrais, em todo o mundo, lutam para manter a normalidade.

Marink Martins

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