Falar ainda é de graça!
Um dos fascínios relacionados ao mundo da complexidade é que este, por definição, é imprevisível no curto prazo. Sendo assim, abre-se a oportunidade para que qualquer um de seus atuantes possa emitir opiniões a respeito da trajetória de preços de ativos nele contido. Afinal, em um mundo onde ninguém sabe nada, destaca-se aquele amparado pela melhor plataforma, melhores credenciais, maior articulação, etc. Diz-se por aí que até um relógio quebrado está certo ao menos duas vezes por dia.
Em estágios mais avançados de um longo "Bull Market", como este que vivemos, alguns analistas com alcunha de "global macro", ao acertar a tendência dos mercados, são muitas vezes alçados a posição de guru de mercado. Nos anos 90, Abby Joseph Cohen do Banco Goldman Sachs exerceu muito bem este papel; suas opiniões quando emitidas na mídia exercia enorme influência nos preços dos ativos. O atual ciclo de alta nos mercados, com sua peculiaridade de ser longo e conter baixíssima volatilidade, já fez com que alguns otimistas se tornassem pessimistas e vice-versa. Renomados estrategistas como Bill Gross, Luis Stulhberger, George Soros, e muitos outros, já queimaram a língua neste mercado que teima em desafiar as já estudadas forças que definem um ciclo econômico.
Há sempre aquele que proclama: agora é diferente! ("This time is diferent"!) Nos anos 90 acreditávamos que a fibra ótica e o e-commerce mudariam o mundo. Hoje, estas expectativas de disrupção estão associadas a inteligência artificial, a robótica, a edição genética, etc.
Mas se há algo realmente novo neste mercado, este algo é a presença maciça dos bancos centrais. Recentemente, comentei de forma lúdica no dia 27/11 (Zeus está vendo!) que Zeus, ao ver o que está na carteira de Kuroda (BOJ) e Draghi (ECB), rapidamente pediu para Tânatos (deus da morte) se aquecer e se preparar para entrar em campo para combater tamanho intervencionismo. Escrevi isso com os números da tabela abaixo em mente:
Note que os bancos centrais (ECB - europeu, BOJ - japonês) injetaram quase US$2 trilhões em 2016 e 2017!!!
O que a tabela acima ilustra é a expansão dos ativos em carteira nos principais bancos centrais. O crescimento de tais ativos é análogo a impressão de moeda, pois tais instituições aumentam seus ativos ao comprar diversos títulos (desde títulos soberanos até, acredite se quiser, ETFs de ações) dos bancos comerciais, pagando por estes, em muitos casos, preços considerados irracionais.
E é justamente este excesso de liquidez, combinado com um número menor de ativos "investíveis", que vem turbinando o mercado.
Preparei uma série de 4 vídeos nos quais comento uma das mais recentes apresentações de Louis-Vincent Gave, CEO da Gavekal. Louis é para mim o melhor estrategista global da atualidade.
Confira estes vídeos acessando www.myvol.com.br
Marink Martins, CNPI