Fique de olho no DXY!

02/05/2018

Ao tentar antecipar os movimentos nos mercados de capitais é sempre um risco atribuirmos muito peso a uma única variável. Afinal, trata-se de um sistema complexo que, no curtíssimo prazo, muito se assemelha a um passeio aleatório.

Dito isso, a variável a ser observada de perto no horizonte imediato é o DXY, um ETF que mede o comportamento da moeda norte-americana contra o comportamento de outras moedas importantes.

O que vemos nos últimos dias é um comportamento do USD surpreendentemente forte. A surpresa reside no fato de que a narrativa presente nos mercados condiz com um dólar mais fraco ancorado em expectativas de um crescente déficit em conta corrente nos Estados Unidos.

Entretanto, como podemos ver no gráfico abaixo, o Sr. Mercado vem nos surpreendendo com a recente apreciação da moeda americana.

Respeitados analistas globais indicam que é exatamente este movimento que vem reduzindo a atratividade de mercados emergentes nos últimos dias. 

Trata-se da velha tese de que o resto do mundo se beneficia em momentos de um crescente déficit em conta corrente nos EUA. Embora haja questionamentos quanto a soberania da moeda americana no longo prazo, no curto prazo, esta antiga relação de causa e efeito ainda parece ser predominante.

Por isso mesmo, todos estarão atentos ao discurso do banco central americano nesta tarde buscando detectar quão preocupada está a autoridade monetária americana quanto a pressões inflacionárias neste estágio tardio do ciclo de expansão econômica em que passa o país. Um discurso mais "hawkish" (mais preocupado), poderá levar a um fortalecimento ainda maior da moeda americana, elevando o preço do DXY e derrubando o preço do EEM (o ETF associado aos mercados emergentes).

E caso isso ocorra? Como proceder? Bem, estrategistas afirmam que este atual ciclo de valorização da moeda americana tende a ser momentâneo pois alguns fatores presentes na economia global contribuem de forma desproporcional para um dólar mais fraco. São eles:

  • Preços elevados para o barril de petróleo.
  • Reforma tributária e seu impacto positivo no consumo de artigos importados nos EUA.
  • Modelos de precificação do USD indicam que a moeda não está barata frente ao euro e ao iene.

Sendo assim, estrategistas apontam que qualquer queda no mercado acionário devido à apreciação do USD deve ser vista como uma oportunidade de compra.

Bem, confesso que este raciocínio se apresenta a mim como muito quadrado, muito direto, parecendo pertencer ao mundo do previsível.

Estamos vivendo um momento em que notícias aparentemente boas não vem surtindo o efeito esperado. Os mercados estão calmamente desconfiados.

Desconfia-se que a decisão de Trump até o dia 12/5 no que diz respeito ao acordo relacionado ao Irã poderá surpreender. Desconfia-se que a aparente trégua na guerra comercial entre EUA e China é só isso mesmo: uma trégua passageira. Desconfia-se que a aparentemente retomada da economia europeia não terá o ímpeto esperado por muitos analistas. Desconfia-se que a preferência de investidores por ações do setor de tecnologia norte-americana pode estar chegando ao fim.

Em meio a tanta desconfiança, vamos simplificar: Fique de olho no DXY!

Marink Martins

Os últimos dois anos foram sensacionais para o investidor focado em ações de empresas norte-americanas. Abaixo, temos um gráfico de "Trailing Real Returns" do S&P 500 desde 1960. Este gráfico nos mostra o retorno real do índice em janelas de 2 anos.

Ainda que o momento atual não seja, nem de perto, um associado a uma crise financeira clássica, os últimos eventos deixaram muitos investidores "machucados". Afinal, no último mês tivemos 3 eventos que historicamente foram catalisadores para fortes valorizações das ações brasileiras. Refiro-me aos seguintes eventos:

Venho argumentando que, por trás do "rally" visto no preço das ações chinesas, há, dentre muitos fatores, um associado à rivalidade entre a China e a Índia. Explorei este tema em maiores detalhes neste vídeo que você pode acessar clicando aqui.

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