Respeitados analistas globais indicam que é exatamente este
movimento que vem reduzindo a atratividade de mercados emergentes nos últimos dias.
Trata-se da velha tese de que o resto do mundo se
beneficia em momentos de um crescente déficit em conta corrente nos EUA. Embora
haja questionamentos quanto a soberania da moeda americana no longo prazo, no
curto prazo, esta antiga relação de causa e efeito ainda parece ser
predominante.
Por isso mesmo, todos estarão atentos ao discurso do banco
central americano nesta tarde buscando detectar quão preocupada está a
autoridade monetária americana quanto a pressões inflacionárias neste estágio
tardio do ciclo de expansão econômica em que passa o país. Um discurso mais "hawkish"
(mais preocupado), poderá levar a um fortalecimento ainda maior da moeda
americana, elevando o preço do DXY e derrubando o preço do EEM (o ETF associado
aos mercados emergentes).
E caso isso ocorra? Como proceder? Bem, estrategistas afirmam
que este atual ciclo de valorização da moeda americana tende a ser momentâneo
pois alguns fatores presentes na economia global contribuem de forma
desproporcional para um dólar mais fraco. São eles:
- Preços elevados para o barril de petróleo.
- Reforma tributária e seu impacto positivo no
consumo de artigos importados nos EUA.
- Modelos de precificação do USD indicam que a moeda
não está barata frente ao euro e ao iene.
Sendo assim, estrategistas apontam que qualquer queda no
mercado acionário devido à apreciação do USD deve ser vista como uma
oportunidade de compra.
Bem, confesso que este raciocínio se apresenta a mim como
muito quadrado, muito direto, parecendo pertencer ao mundo do previsível.
Estamos vivendo um momento em que notícias aparentemente boas
não vem surtindo o efeito esperado. Os mercados estão calmamente desconfiados.
Desconfia-se que a decisão de Trump até o dia 12/5 no que diz
respeito ao acordo relacionado ao Irã poderá surpreender. Desconfia-se que a
aparente trégua na guerra comercial entre EUA e China é só isso mesmo: uma trégua
passageira. Desconfia-se que a aparentemente retomada da economia europeia não
terá o ímpeto esperado por muitos analistas. Desconfia-se que a preferência de
investidores por ações do setor de tecnologia norte-americana pode estar
chegando ao fim.
Em meio a tanta desconfiança, vamos simplificar: Fique de olho
no DXY!
Marink Martins