Fugindo do campo de batalha

07/10/2019

Louis-Vincent Gave sempre nos fala para fugir do campo de batalha. Em tempos de crise, evitar perdas as vezes é mais importante do que sair em busca de ativos vencedores. Pensando nisso... segue o comentário do dia:


Não há dúvida que o mais aguardado evento desta semana é o encontro de governantes americanos com a delegação chinesa visando um possível acordo comercial. Os representantes de ambos os lados correm contra o relógio buscando chegar a um acordo que evite a incidência de mais impostos sobre a importação de produtos chineses, marcada para entrar em vigor no dia 15 deste mês.

Com um Trump fragilizado pela iniciativa de impeachment no caso relacionado a Ucrânia, as negociações podem surpreender positivamente em prol de um pequeno acordo que permita uma vitória ao líder americano.

De qualquer forma, independente dos acontecimentos desta semana, engana-se quem pensa que as tensões sino-americanas possam estar chegando a um fim. De acordo com os estrategistas que acompanho, trata-se de uma guerra exaustão, explorando não só a frente comercial, mas também a monetária e a tecnológica.

Neste sentido há muito a ser dito quanto as ameaças presentes nos mercados. Louis-Vincent Gave, fundador da Gavekal, crê que o campo de batalha é o setor tecnológico. E é justamente por isso que o estrategista está pessimista quanto às perspectivas para a economia americana. Louis acredita que muitas das empresas norte-americanas que brilharam nesta década tendem a se tornar "micos" na década seguinte.

Dito isso e focando no curto prazo, as empresas americanas começam a divulgar seus respectivos resultados do 3T19. Embora Fact Set projete uma queda de 4,1% no lucro do 3T19 em comparação ao 3T18, analistas e jornalistas já trabalham com números melhores. Me surpreende como a mídia financeira ficou mal-acostumada nos últimos anos.

Por aqui temos uma nova onda de ofertas de ações. De acordo com o Estadão, só em outubro, temos R$20 bilhões vindo a mercado. Tudo isso sem falar em possíveis vendas oriundas do BNDES que necessita gerar caixa para devolver recursos para o governo central. Temos aí mais uma oportunidade para testar o verdadeiro otimismo dos agentes.

Marink Martins

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