Fundamento: irrelevante no curto prazo, determinante no longo prazo
Jonathan Golub, estrategista da área de renda variável do Credit Suisse, nos mostra dois gráficos muito interessantes. O primeiro, abaixo, ilustra os retornos anuais, de 1964 até o presente, do índice S&P 500 tomando como base diferentes níveis de relação inicial de preço/lucro (P/L projetado de 1 ano).

Conforme podemos observar, a relação entre o P/L inicial e o retorno subsequente não é significativa do ponto de vista estatístico.
Já no próximo gráfico, ao invés de comparar os retornos históricos de um único ano, compara diferentes níveis de P/L com retornos históricos de 10 anos.

Neste caso temos uma relação muito interessante que prova algo que, intuitivamente, é um tanto óbvio: se você inicia um ciclo pagando caro pelas ações, os retornos subsequentes, medidos em ciclos de 10 anos, tendem a ser pífios, ou mesmo negativos.
Como exemplo, posso citar alguns exemplos clássicos: ações japonesas no início dos anos 90, ações do Nasdaq no início do milênio, e ações brasileiras no início desta década.
O estudo de Golub aponta para uma expectativa de retorno próxima de zero para as próximas décadas. Não é por menos, as ações encontram-se caríssimas. Além disso, temos dois fatores cruciais que contribuem para o pessimismo:
- A população nos EUA, Europa, Japão, Brasil envelhece rapidamente. Não há mais bônus demográfico.
- Baixa produtividade devido ao enorme endividamento dos governos. Estes promoverão um fenômeno bem conhecido dos brasileiros: o efeito "crowding out", onde os governos tomam um dinheiro da população que certamente seria melhor utilizado pelo setor privado.
Por tudo isso, foque em estratégias táticas e não se apaixone por ações de empresas.
Marink Martins