Fundamento: irrelevante no curto prazo, determinante no longo prazo

28/05/2020

Jonathan Golub, estrategista da área de renda variável do Credit Suisse, nos mostra dois gráficos muito interessantes. O primeiro, abaixo, ilustra os retornos anuais, de 1964 até o presente, do índice S&P 500 tomando como base diferentes níveis de relação inicial de preço/lucro (P/L projetado de 1 ano). 

Conforme podemos observar, a relação entre o P/L inicial e o retorno subsequente não é significativa do ponto de vista estatístico.

Já no próximo gráfico, ao invés de comparar os retornos históricos de um único ano, compara diferentes níveis de P/L com retornos históricos de 10 anos.

Neste caso temos uma relação muito interessante que prova algo que, intuitivamente, é um tanto óbvio: se você inicia um ciclo pagando caro pelas ações, os retornos subsequentes, medidos em ciclos de 10 anos, tendem a ser pífios, ou mesmo negativos.

Como exemplo, posso citar alguns exemplos clássicos: ações japonesas no início dos anos 90, ações do Nasdaq no início do milênio, e ações brasileiras no início desta década.

O estudo de Golub aponta para uma expectativa de retorno próxima de zero para as próximas décadas. Não é por menos, as ações encontram-se caríssimas. Além disso, temos dois fatores cruciais que contribuem para o pessimismo:

  • A população nos EUA, Europa, Japão, Brasil envelhece rapidamente. Não há mais bônus demográfico.
  • Baixa produtividade devido ao enorme endividamento dos governos. Estes promoverão um fenômeno bem conhecido dos brasileiros: o efeito "crowding out", onde os governos tomam um dinheiro da população que certamente seria melhor utilizado pelo setor privado.

Por tudo isso, foque em estratégias táticas e não se apaixone por ações de empresas.

Marink Martins

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