Indícios de uma semana capciosa

12/06/2023

Não há dúvidas de que o humor do mercado mudou; os mercados de renda variável -- tanto o norte-americano como o brasileiro -- estão bem mais leves. Por aqui, a mudança ocorreu na virada de abril para maio, em linha com os prognósticos feitos pelo cientista político Luciano Dias. Já lá nos EUA, a bolsa subiu na marra e vem sendo impulsionada pela narrativa "AI". Mas e agora?

Não é uma surpresa que esta semana promete. Teremos o indicador de inflação dos EUA ("CPI") na terça-feira. Já na quarta teremos a reunião do FED com direito ao antigo "dot plot" destacando as previsões dos membros do comitê de política monetária da instituição. Na quinta, teremos o BCE que deverá, mais uma vez, elevar sua taxa básica de juros em mais 25 bp. Na sexta é a vez do Banco do Japão. Tão importante são os eventos de mercado: vencimento do contrato futuro WINM23 na quarta e de opções na sexta-feira. Lá nos EUA, tanto o contrato futuro do S&P 500 (WSPM23) e os contratos de opções sobre ações vencem na sexta-feira.

Acima, o SEP ("summary of economic projections" publicado pelo FED em março de 2023). Nesta quarta-feira, o FED irá publicar uma nova versão destas projeções. 

Observe que, em meio a tantos eventos, é uma surpresa para muitos o fato do VIX (medida de expectativa de oscilação em relação ao índice S&P 500) estar tão baixo; por volta de 14%. Não faz muito tempo, mencionei por aqui que o colapso visto no VIX ao longo destes últimos 6 meses é reminiscente do ocorrido ao longo do mesmo período em 2017 -- um ano que surpreendeu pela baixíssima volatilidade implícita dos contratos.

Assim, iniciamos a semana refletindo a respeito de dois temas principais: política monetária dos bancos centrais e liquidez dos mercados. Vale destacar que, no fim deste mês, os bancos europeus ficarão sem ter acesso a uma linha de crédito do BCE estabelecida durante o período pandêmico. Refiro-me ao fim do programa TLTRO no valor de aproximadamente 480 bilhões de euros. Sabe-se também que, nos EUA, a liquidez tende a ficar mais escassa em meio a recapitalização da conta corrente do Tesouro.

Todavia, tudo isso não é novidade nos mercados. Os agentes já sabem disso e, mesmo assim, resolveram "puxar" os mercados. Agora é um momento de parar e esperar pelos discursos de Powell e companhia. Essa semana começa de forma calma, mas tende a terminar de uma forma bem mais agitada. Navegue com o devido cuidado.

Marink Martins

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