The High Cost of Free Money

14/10/2019

Nos dias de hoje, a manutenção de taxas de juros em níveis historicamente baixos é vendida como uma solução para uma declinante taxa de crescimento econômico global. O que não se discute é que esta prática resulta em diversas consequências adversas que, no longo prazo, contribuem para o declínio nos níveis de produtividade global.


Charles Gave, um dos fundadores da Gavekal, já dedicou muito tempo de análise explorando este tema e escreveu um texto muito interessante cujo título é "The High Cost of Free Money" (O alto custo do dinheiro barato). Seguem alguns de seus argumentos a respeito do tema:

1. Juros baixos diminuem a taxa de poupança da população. Se considerarmos que os investimentos em capital fixo dependem de uma taxa de poupança mais elevada, espera-se que a redução de juros resulte em uma eventual redução dos investimentos e, consequentemente, uma redução na produtividade e inovação na economia de um país.

2. Juros baixos representam uma espécie de imposto para os pobres. Esse controverso argumento baseia-se na premissa que o mais pobre mantém qualquer poupança em "cash", enquanto os mais ricos mantêm suas economias em ativos que muito se beneficiam de uma política de juros mais baixos.

3. Juros baixos permitem o surgimento de empresas ineficientes. De acordo com especialistas, a taxa de juros ideal deve ficar ligeiramente acima da taxa de retorno sobre investimentos no mercado, de forma a premiar somente as empresas eficientes. O surgimento de empresas ineficientes, também conhecido como empresas zumbis, contribui para a redução na taxa de retorno agregada da economia.

4. Juros baixos e negativos contribuem para a destruição da poupança de longo prazo criando um sério problema para os fundos de pensão e seguradoras.

Charles Gave argumenta que os tecnocratas que estão no poder sabem muito bem de tudo isso. Mesmo assim, há incentivos para que eles "dobrem a aposta" ao invés de interromperem um processo destrutivo.

Por tudo isso no mundo desenvolvido só se fala em uma nova onda de estímulos fiscais. O curioso é que é notório que quando os gastos fiscais sobem em proporção ao PIB, a taxa de crescimento econômico cai.

O grande risco é que o mundo poderá estar caminhando para um choque análogo àquele visto nos anos 70, onde as taxas de juros dispararam e países como a Inglaterra tiveram que bater na porta do FMI.


Marink Martins

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