Reitero aqui o meu ceticismo com relação a estratégia de compra de
ações para o longo prazo ("buy & hold strategy").
Já venho batendo nesta tecla há um bom tempo. Hoje, em
particular, retomo o assunto pois a Casa de Pesquisa Gavekal faz uma bela
análise ilustrando como as mudanças demográficas colaboram para um maior
pessimismo com relação a investimentos em títulos de renda fixa de longo prazo.
Com o envelhecimento da população global teremos um número
menor de entrantes no mercado de trabalho e, consequentemente, uma menor formação
de poupança. Este foi um dos fatores que mais contribuiu para redução nos juros
de longo prazo dos anos 80 até os dias de hoje.
Embora a ênfase do trabalho seja o mercado de renda fixa é
natural estendermos suas consequências para o mercado de renda variável. Nas
bolsas buscamos trazer a valor presente os fluxos de caixas projetados para o
futuro utilizando taxas de desconto de longo prazo. Uma eventual elevação em
tais taxas, tem um impacto direto no "valuation" das ações.
Confesso aqui que desde que li o livro "The rise and fall of
american growth" do professor Robert J. Gordon, da universidade Northwestern,
fui bastante influenciado por suas ideias com relação as diversas barreiras
presentes nos dias de hoje que impedem a continuidade do longo período de
crescimento econômico registrado pelos EUA nos últimos 30 anos. Além das
questões demográficas, um maior endividamento do governo e uma maior
desigualdade social também contribuem para a expectativa de que, não só os EUA,
mas o resto do mundo tende a crescer bem menos nos próximos anos.
Abaixo, segue o vídeo em que faço uma brincadeira com Warren
Buffet que tornou-se um ícone associado a estratégia de "buy & hold".