“Market Internals”

28/04/2020

Aproveito este comentário feito ao longo do pregão desta terça-feira para discutir alguns temas diretamente ligados ao comportamento dos mercados.

Neste momento em que escrevo (às 13h), o índice S&P 500 acaba de registrar uma variação negativa após ter passado boa parte da manhã do outro lado.

Os mercados festejam o início do fim do "lockdown" em algumas cidades turbinados por um sentimento já conhecido por muitos, que atende ao acrônimo anglicano de FOMO ("fear of missing out" ou receio de perder a festa). Após ter visto seus investimentos minguarem ao longo dos últimos dois meses, os investidores não querem perder o barco em um possível retorno a níveis mais próximos daqueles registrados no início do ano.

Dito isso, chamo sua atenção a algumas observações:

  • S&P 500 - observe que o ETF EUSA, que atribui o mesmo peso para cada uma das 500 ações que compõem o índice, sobe 1,09% contra uma queda de 0,11% no próprio S&P 500. Isso implica em um claro movimento de rotação, onde investidores vendem ações de tecnologia e compram ações de outros setores. O somatório do peso das 5 maiores empresas do índice S&P 500 está hoje próximo de 24%; algo sem precedentes.
  • HYG - observe que o ETF HYG, associado a títulos corporativos de grau especulativo, cai 0,16% enquanto o ETF LQD (títulos corporativos com grau de investimento) sobe 0,19%. Temos aí um movimento que não me parece tão consistente com o otimismo visto no mercado de ações.
  • VIX - Neste momento o VIX (volatilidade associada ao índice S&P 500) está em 34,2%, após ter recuado bastante durante a manhã. Observe que mesmo após o significativo recuo visto neste indicador, ele ainda projeta oscilações diárias de 2% para o principal índice global.
  • VOL no Brasil - Observa-se um recuo na volatilidade implícita dos contratos de opção associados a Petrobras e Vale.

Estes são apenas alguns indicadores que olho ao longo dia. Acredito que é simplesmente uma questão de tempo (dias ou semanas) para que comecemos a ver um maior ruído relacionado às eleições presidenciais dos EUA. Neste sentido, estou de olho no DXY que nos mostra o comportamento da moeda americana frente as demais moedas de países desenvolvidos.

Acredito que é do interesse dos EUA evitar que sua moeda se aprecie demais. Neste sentido gravei um MyCAP Tendências Globais que explora um risco de cauda bem interessante que poderá surpreender os mercados. Refiro-me a uma possível restrição no uso do dinheiro físico. Isso, caso ocorra, poderá representar não só uma importante mudança comportamental, mas também provocar uma enorme variação cambial ao redor do mundo.


Marink Martins

www.myvol.com.br