Medindo o impulso creditício chinês

15/02/2022

Nos últimos dois dias explorei a possibilidade de uma "pivotagem" na política chinesa em relação a epidemia da covid. A possibilidade de que o Partido Comunista Chinês venha a abrir sua economia novamente, permitindo a entrada e saída de turistas, é algo que é aguardado com bastante ansiedade por muitos e que deverá trazer repercussões em diversas frentes.

O "timing" para tal evento é bastante incerto. Louis Gave, fundador da Gavekal, se mostrou otimista, mas apontou o segundo semestre do ano como o período mais provável.

No curto prazo, entretanto, o principal evento catalisador para uma alta mais consistente em ativos chineses ainda é o impulso creditício. E, neste sentido, há uma certa frustração por parte dos agentes que buscam se antecipar a tal movimento. O impulso creditício, como podemos ver no gráfico abaixo, embora positivo, caminha em um ritmo mais lento do que em "viradas" de ciclos anteriores (2017, início de 2019, 2020).

Tal frustração não chega a ser uma surpresa. Venho enfatizando em comentários anteriores que o grande objetivo do PCC este ano é a estabilidade. Sendo assim, o impulso creditício chega em doses suficientes para estabilizar a economia, mas não em doses suficientes para alimentar um surto especulativo por parte da população chinesa.

Além disso, os chineses sabem que há um processo de "desglobalização" em curso e que, a qualquer momento, podem ser surpreendidos por restrições de exportações vindas dos EUA que, caso se materializem, podem se provar inflacionárias. Por tudo isso, para o PCC, parece que o melhor a ser feito é caminhar com cautela, visando chegar ao grande evento do ano -- a Convenção Nacional do PCC em outubro -- sem qualquer problema que possa vir a provocar instabilidade social.

Marink Martins


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