MSCI EM - prepare-se para AGOSTO

13/06/2019

Aqueles que acompanham o meu trabalho - em particular, os meus insights com relação a China - hão de se lembrar o quanto enfatizei no início deste ano a oportunidade que o aumento de peso das ações listadas na China Continental (as A-Shares) representava. Quem comprou tais ações obteve uma ganho de aproximadamente 30% em um curto espaço de tempo.

Ocorre que a empresa MSCI, formuladora de diversos índices globais de grande relevância, anunciou o aumento do fator de inclusão das A-Shares no dia 28/2/2019. Embora tal evento estivesse sendo discutido por alguns estrategistas globais, ele foi praticamente ignorado pelos brasileiros. E o curioso é que o evento é de suma importância, não só para aqueles que investem nos mercados internacionais, mas também para aqueles com foco no mercado doméstico. Eu explico.

O índice MSCI Emerging Market Index (mercados emergentes) é um dos mais relevantes dentre os produtos da MSCI. O índice consiste de uma carteira com ações de 1.198 empresas situadas em 26 países. Com base em dados de 2017 publicados pela Bloomberg, observa-se que há aproximadamente US$1,6 trilhão em ativos atrelados a esse índice para mercados emergentes. Estou falando aqui de inúmeros fundos passivos (ETFs) e inúmeros fundos ativos ao redor do mundo.

Sendo assim, qualquer mudança na composição da carteira que compõe tal índice acaba sendo algo disruptivo, promovendo a transferência de recursos de um determinado país para outro. 

Bem, isso ocorreu em maio deste ano. Assim, a queda que vimos no início daquele mês pode ter sido devido não só aos problemas de articulação do atual presidente brasileiro, mas também de um "rouba montinho" que está em curso no mundo emergente. Falo aqui do fato de que o aumento no peso dos ativos chineses na carteira MSCI EM Index necessariamente representa uma diminuição do peso de outros países na mesma carteira. E, neste caso, o Brasil é um dos que mais sofre em termos relativos. Observe a figura abaixo:

O que observamos na imagem acima é uma projeção da carteira MSCI EM Index tomando como base o fato de que o aumento no fator de inclusão das A-Shares irá ocorrer em 3 etapas: a primeira em maio, a segunda em AGOSTO, e a terceira em NOVEMBRO.

Note que o peso das A-Shares praticamente dobrou no mês de maio. Mesmo assim, a expectativa é de um salto em tal peso nos meses de agosto e novembro deste ano. Enquanto isso, o peso atribuído as ações brasileiras cai no decorrer deste período de 7,8% para 7,4%. E se você acha que 0,4% não é  nada, não se esqueça de multiplicá-lo por 1,6 trilhão de dólares. Isso equivale a aproximadamente US$5 bilhões saindo do país. 

Agora imagine o quanto de dólares estará migrando para as ações chinesas! E aí, você ainda tem dúvidas de que os meses de agosto e novembro prometem um expressivo rebalanceamento global?

Marink Martins


 

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