Direto ao ponto - Agosto é o último mês de férias do verão
norte-americano. Uma época historicamente marcada por uma volatilidade um pouco
mais baixa. De fato, temos um VIX abaixo de 13%, o que indica uma expectativa
de oscilação para o índice S&P 500 relativamente baixa.
Embora eu considere que boa parte do otimismo representado pelos
indicadores macroeconômicos dos EUA não seja sustentável no longo prazo, acredito que, de
forma tática, haja espaço para maiores valorizações no curto prazo.
Do ponto de vista técnico, é importante observar que em
estágios mais tardios de um "bull market", os pontos de inflexão no mercado são
marcados por uma alta forte e abrupta. Tivemos algo parecido com isso em
janeiro deste ano. O mercado corrigiu e, aos poucos, vem se recuperando.
Além disso, há sinais de que os EUA retomaram as negociações
com o México para a renovação do NAFTA; o que é positivo para os mercados.
Por tudo isso, concluo aqui com uma mensagem de que o ambiente
macro encontra-se favorável para apostas altistas no curto prazo.
Mais Detalhes
Apesar das recentes valorizações registradas nas diversas
bolsas globais, acredito que as perspectivas do ponto de vista macroeconômico
para o mês de agosto ainda são positivas, de forma que há espaço para uma
contínua valorização dos ativos de renda variável ao longo das próximas 3
semanas.
O forte crescimento do PIB norte-americano (+4,1% - anualizado)
neste segundo trimestre não chegou a surpreender uma vez que o mercado havia se
antecipado para tal fato. Mesmo assim não podemos descartar o fato de que os
resultados do segundo trimestre das empresas que compõem o índice S&P 500
vem surpreendendo positivamente.
Até o momento, 53% delas já divulgaram seus resultados e 83%
das empresas conseguiram superar as expectativas do mercado. Caso as outras empresas
sigam neste ritmo, tal percentual será um recorde desde que a empresa Factset
começou a promover este tipo de acompanhamento. A taxa de crescimento da
lucratividade das empresas do S&P 500 está em 21% no comparativo com os
últimos 12 meses; o nível mais alto de crescimento desde 2010.
Naturalmente, há preocupações com relação a sustentabilidade
deste ambiente econômico diante das seguintes ameaças:
- Aperto monetário
- Valuation
- Conflito comercial sino-americano
Aperto
Monetário
O PIB
norte-americano cresceu em um ritmo nominal anualizado de 5.3%, com uma
inflação anualizada de 2,5%, sendo que a inflação no último trimestre foi de
3,2% (anualizada). Indicadores fortes o suficiente para fazerem com que o FED
prossiga com sua iniciativa de normalização das taxas de juros.
Valuation
Embora a
relação de Preço/Lucro projetada para os próximos 12 meses (16,5x) das empresas
que compõem o S&P 500 seja um pouco acima da média histórica dos últimos 5
anos (por volta de 15x), não há indícios do que podemos chamar de uma "bolha"
no mercado.
Do ponto
de vista mais técnico, é importante observarmos o que é conhecido como "Wicksellian
Spread" que é o diferencial entre o Retorno sobre o Capital Investido (em
inglês, ROIC) e a taxa média de juros no mundo corporativo. A Casa de Pesquisa
Gavekal faz um excelente trabalho neste sentido, e nos mostra que, embora tal
diferencial esteja cada vez mais apertado, o spread ainda se mostra favorável
ao investimento em ações vis-a-vis investimentos em renda fixa.