Don't BTFD

18/12/2018

O líder chinês, Xi Jinping, em discurso realizado nesta madrugada comemorando 40 anos de reforma econômica do gigante asiático. Tudo indica que a China está disposta a sofrer no curto prazo em nome de  manter sua busca pela hegemonia perdida no século 19. 

Se a correlação entre o número de acrônimos presente nos mercados e o nível de confiança do consumidor/investidor é, de fato, significativa ou espúria, confesso não ter tido acesso aos cálculos, mas, neste exato momento, hesite sucumbir à tentação de comprar na mínima.

A tal atitude de "caiu-comprou" se provou tão certeira no ciclo expansionista norte-americano que naturalmente ficou conhecida por seu acrônimo BTD que, em inglês, significa "buy-the-dip". A letra "F" no título acima refere-se a versão mais popular deste acrônimo e serve para dar uma maior ênfase! 

Você que vem dando uma atenção especial ao que é escrito no MyVOL, deve ter notado que, aos poucos, estamos criando um belo "track-record", chamando a sua atenção a precificação elevada das ações da Vale (um "call" que se provou certeiro) e, ao mesmo tempo, buscando te manter com o pé no chão no mercado local em meio a tanto otimismo sendo ventilado pela mídia financeira.

Hoje, compartilho duas afirmações feitas por estrategistas renomados que embasam a minha postura mais defensiva nesta virada de ano. São elas:

  • Menor crescimento chinês e um início de 2019 conturbado.
  • Percepção de que o México, com uma moeda mais barata do que a brasileira, e com uma situação fiscal mais sólida, representa uma forte concorrência a um eventual fluxo externo. 

Sem diminuir de forma alguma a importância da reunião do FED, quando o assunto é mercados emergentes, reitero aqui as palavras ditas por Louis-Vincent Gave ao longo de 2018: "EM is a leveraged play on China!". (mercados emergentes dependem do crescimento econômico chinês)

Sendo assim, há sinais preocupantes vindo do oriente. Quando a Gavekal - uma casa de análise com sede na ásia que tem muito a se beneficiar do crescimento chinês - nos alerta sobre o potencial de desaceleração do gigante asiático, tudo que devemos fazer é ouvir de forma respeitosa e nos proteger.

Há um consenso de que a China irá, eventualmente, lançar mão de um pacote fiscal para estabilizar sua economia. Dito isso, é possível que tal iniciativa leve alguns meses e que venha acompanhada de uma desvalorização em sua moeda; algo que certamente não deve ser considerado como auspicioso para a economia brasileira.  

Marink Martins

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