Não entrem tão gentilmente em uma semana potencialmente capciosa!

09/10/2017

Faço aqui uma adaptação do famoso poema de Dylon Thomas ("Do not go gentle into that good night") em uma tentativa de alertar nossos clientes para uma semana que tem boas chances de surpreender no quesito volatilidade.

Se nas últimas semanas clamei para que investidores não se deixassem contagiar pela euforia na bolsa brasileira, hoje, vou além, e sugiro que investidores aproveitem a abertura para reduzir suas alocações nesta classe de investimento. Seguem os meus argumentos:

Cenário geopolítico e macroeconômico global:

Tensão entre EUA e Turquia

Embora o Brasil seja bem maior, o mundo desenvolvido muitas vezes compara o nosso país a Indonésia e Turquia. Este último entrou em uma disputa diplomática com os EUA e sua moeda se desvaloriza fortemente. Os EUA e a Turquia vivem uma tensão que poderá se escalar, trazendo conseqüências adversas aos mercados emergentes.

Tensão entre EUA e Irã

Na quinta-feira, feriado no Brasil, o governo Trump irá decidir se o Irã está ou não cumprindo a sua parte no acordo nuclear. Há especulação de que Trump poderá suspender o acordo, o que resultará no retorno de sanções ao Irã, com impacto direto no preço do petróleo e das ações da Petrobras. Tudo isso ocorrendo na semana do vencimento de opções.

Movimento de independência da Catalunha

A próxima terça-feira promete ser tensa neste sentido com conseqüências para o mercado europeu.

China- O mercado chinês esteve fechado por uma semana devido a "golden week". Ao reiniciar os trabalhos, o mercado se depara com um corte de compulsório e um PMI Caixin para o mês de setembro mais fraco do que o registrado em agosto. Estamos muito próximos do início do décimo nono congresso que deverá levar Xi Jinping a mais um mandato. Ao longo de mais de um ano, muito foi falado de que o governo chinês faria o necessário para manter a estabilidade na economia até este determinado evento. Teria o PBoC (banco central chinês) cortado o compulsório como uma maneira de atenuar os impactos de um PMI mais fraco na véspera do evento mais aguardado do ano?

EUA - Investidores estarão atentos a diversas conferências com investidores por parte de gigantes como a Wal Mart. Além disso, durante o nosso feriado, bancos americanos, como o JP Morgan, irão divulgar seus resultados do terceiro trimestre. Jim Cramer recomendou o acúmulo de "munição" e justificou dizendo: com expectativas tão elevadas, qualquer coisa diferente da perfeição, deverá frustrar os mercados.

Coréia do Norte - Especula-se que, também na terça-feira, em um aniversário importante no país, o governo norte coreano irá lançar mais um míssil em sua estratégia de contínua demonstração de força.

Rex Tillerson - Em uma longa e abrangente reportagem na revista The New Yorker ("Rex Tillerson at the Breaking Point"), o Secretário de Estado dos EUA, ex-CEO da Exxon Mobil, é descrito como alguém que já não agüenta mais o Donald Trump. Tillerson vem provocando mudanças bruscas na diplomacia do país, de forma que o país, neste exato momento, se encontra um tanto vulnerável. Talvez por design. Sabe-se que Trump é um autoritário. Dito isso, não devemos nos surpreender caso questões relacionadas a Turquia, Irã e Coréia do Norte venham a ganhar maiores proporções nos próximos dias.


Para finalizar, apresento dois argumentos técnicos de curto prazo:

Momentum negativo no Ibovespa:

A não sustentação do GAP de abertura do Ibovespa na última quinta-feira, com um movimento contínuo de queda que se estendeu para sexta, contribui para uma visão negativa de curto prazo.

Estrutura de volatilidade implícita das opções da Vale sugerindo continuidade do movimento de queda dos últimos dias.

Ao promover a rolagem de opções vendidas do vencimento de outubro para o de novembro notei um mercado com um pouco mais demanda por travas de baixa.

Sendo assim, realize lucros e fique mais líquido neste mês famoso por registrar movimentos abruptos!

Tenham um ótima semana!

Marink Martins, CNPI

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