Não existem investimentos; somente APOSTAS!

25/11/2018

Na última sexta-feira fui ao evento comemorativo do nono aniversário da Empiricus.

O evento contava com apresentações de 3 estrelas renomadas; cada uma em seu campo de atuação:

  • O futurista José Cordeiro
  • O ex-ministro da fazenda, Pedro Malan
  • O prêmio nobel de economia, especialista em finanças comportamentais, Richard Thaler.

O próprio evento foi organizado tendo como tema central o nome "Misbehaving", em homenagem a mais recente obra de Thaler.

A casa estava cheia e o dia foi longo e informativo. Mas, sem querer tomar muito do seu tempo, devo confessar que as palestras acima, embora interessantes, não chegaram a me surpreender.

Dito isso, um tema polêmico explorado por Felipe Miranda, fundador da Empiricus, soou como música aos meus ouvidos.

Felipe disse que quando o assunto é o mercado acionário, não existem investimentos, mas sim apostas!

De acordo com a filosofia tradicional de investimentos, devemos comprar um ativo sempre que este estiver negociando por um valor abaixo de seu valor intrínseco e carregá-lo até que seu valor de mercado reflita seu valor justo.

O problema é que o próprio conceito de valor intrínseco é algo idealizado; algo pertencente ao mundo das ideias de Platão.

Afinal, se o valor intrínseco de uma determinada ação é o somatório dos seus fluxos de caixa livre projetados, trazidos a valor presente a uma determinada taxa de desconto, como posso saber seu real valor se tais fluxos são, inerentemente, sujeitos a uma enorme incerteza?

Dito de forma mais simples, projetar fluxos de caixa livre pensando cinco anos a frente nada mais é do que um enorme CHUTE!

Se gostei das palavras de Felipe é justamente porque penso desta forma há bastante tempo.

Tudo isso vai além de uma discussão de semântica. A conotação negativa atribuída a palavra APOSTA deve ser superada, e devemos realçar que seu significado vem sempre acompanhado de um determinado grau de incerteza. 

A essa altura você já deve saber que não tenho posição acionária alguma!

Na verdade, mantenho uma posição comprada em ações de Petrobras PN com o objetivo único de busca de taxas através da operação que denominei como Cerco Dinâmico em Ação.

Isso não quer dizer que eu não acredite no potencial de valorização de algumas ações.

Acredito sim, porém me sinto muito mais a vontade com o meu método. 

A questão não é necessariamente que a minha forma de atuação seja a melhor, ou mesmo, a mais eficiente. Mas é, sem dúvida, a que melhor se encaixa com a minha filosofia de atuação no mercado. 

Lembre-se de uma coisa. Os mercados não devem ser tratados como uma corrida egocêntrica na busca de se tornar mais rico do que o vizinho, mas sim como um lugar de implementação de um método que gere riqueza e que nos potencialize para uma vida de crescimento intelectual. Essa pelo menos é a missão que estabeleci para mim.

Agora, saindo um pouco da área filosófica e apresentando um pouco de empirismo, reitero aqui mais uma vez o meu ceticismo com os departamentos de relações com investidores das diversas empresas listadas; sejam elas domésticas ou internacionais.

"Investor Relations - IR" ou "Departamento de RI", seja como você quiser, é, em grande parte, um instrumento de marketing das empresas.

Afirmo isso por ter atuado como gerente de RI de uma empresa listada e ter interagido com outros atuantes da área.

A atuação destes departamentos me faz lembrar a famosa frase que, em setembro de 1994, derrubou o então ministro da fazenda Rubens Ricupero, ao ser transmitido ao público, de forma acidental, uma conversa, minutos antes de uma entrevista com seu cunhado e jornalista da Rede Globo, Carlos Monforte:

"Eu não tenho escrúpulos; o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde." (Escândalo da Parabólica)

Pois é, a empresa onde atuei por um ano chegou a valer R$2,5 bilhões no mercado; hoje vale um pouco mais de R$100 milhões.

A cobertura de suas ações era feita por importantes instituições; todos com recomendação de compra (eram eles: Barclays, Morgan Stanley, Santander, JP Morgan, Goldman Sachs, BTG Pactual (Market maker).

Todos erraram feio! Muito feio!

Alguns anos mais tardes, surgia uma nova estrela da bolsa onde todos diziam que o céu era o limite. Seu nome: CIELO.

"Your honor, I rest my case!"

Marink Martins

www.myvol.com.br