O barco está chegando e está carregado de robalos

02/01/2020

Iniciamos o ano com mais um presente. Este veio na forma de um corte de compulsório expressivo feito na China que irá liberar mais de cem bilhões de dólares aos bancos chineses.

Os mercados naturalmente reagem de forma positiva. Entretanto, como estes tendem a se comportar de forma ambígua, vale questionarmos se este seria o último presente no gordo saco trazido por papai neste ciclo de festas.

Louis Gave, fundador da Gavekal, em sua última análise de 2019 havia questionado a respeito do ímpeto do que ele chamou de "reflation trade" - uma busca por maior risco que poderia resultar em uma apreciação de ativos cíclicos e um enfraquecimento da moeda americana. De acordo com o estrategista, que esperava por um movimento mais intenso de valorização em tais ativos, faltava uma maior participação da China nesta onda de estímulos que recobre todo o mundo desenvolvido.

O estímulo é sem dúvida expressivo, mas não devemos esquecer que, há dois meses, compartilhei por aqui relatos de que uma das maiores falências estava em curso por lá - uma que envolvia uma estatal chinesa. O sistema financeiro chinês requer cuidados de forma que não sabemos muito bem se este corte vem de fato estimular um maior crescimento da economia ou tentar fazer com que esta não entre em colapso.

Por aqui, o ano se inicia de forma positiva com o IBOV se recuperando da realização de lucros vista no último pregão do ano. É importante destacar que o noticiário dá amplo destaque ao volume de recursos a ser levantado via mercado de capitais ao longo deste ano que se inicia. Fala-se em 200 bilhões de reais.

Bem, eu sou do tempo em que diante da notícia de que está para chegar um barco cheio de robalo, os compradores de robalo calam-se a espera de que o vendedor se manifeste. Normalmente este processo resulta em preços menores. Contudo, há quem diga que desta vez é diferente. A ver!

Marink Martins

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