O Brasil em chamas

13/05/2020

Esse foi o título do texto escrito pelo economista Armando Castelar e publicado pela casa de pesquisa Gavekal nesta última terça-feira.

Castelar espera por uma queda anualizada no PIB superior a 10% no segundo trimestre deste ano. Para o ano, sua expectativa é de queda de 5,5%. O desemprego deve bater na casa de 18%. O déficit nominal tende a ficar próximo de 14% ao ano, elevando a relação entre a dívida bruta e o PIB para 93%.

Mais preocupante é o fato de que o BC agora poderá financiar diretamente os gastos do Tesouro Nacional. Embora algo similar esteja em curso em países asiáticos, este poder nas mãos de populistas latinos pode representar uma situação de calamidade monetária.

O valor do real frente ao dólar já se desvalorizou em 30% mesmo com o BC vendendo aproximadamente 50 bilhões de dólares de suas reservas cambiais, que agora se situam em 339 bilhões de dólares.

Os problemas econômicos brasileiros parecem mais graves e isso vem sendo refletido através de uma desvalorização cambial que é mais acentuada que a média vista em outros emergentes, conforme podemos observar no gráfico abaixo:

Os gráficos acima nos mostram que não só a moeda brasileira sofre um tremendo estresse, mas também o preço dos ativos. Ambos estão relativamente subvalorizados quando consideradas as médias recentes. 

Castelar acredita que a pressão cambial poderá diminuir caso a instabilidade política seja reduzida. Afinal, sua expectativa é de que o déficit em conta corrente caia este ano para a metade dos US$49,5 bilhões registrados em 2019.

No mais, o economista dedica alguns parágrafos explicando o caos que vivemos na relação entre o presidente Bolsonaro e as instituições brasileiras. Diz também que caso o pagamento de R$600 por mês para trabalhadores informais seja estendido até o fim do ano, a relação dívida bruta/PIB se deteriora em 3,4%.

Armando Castelar conclui avisando seus leitores que não é recomendável ir em direção a uma casa em chamas. Complementa afirmando que aqueles que buscam oportunidades relacionadas a um eventual processo de reversão a média devem priorizar as ações ligadas a commodities; evitando ações de empresas que dependam da força do mercado interno.

Marink Martins

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