O caso Biarritz Olympique

21/08/2020

Talvez você não saiba, mas o Louis-Vincent Gave, fundador da Gavekal e importante fonte de inspiração para o trabalho que realizo por aqui, é o dono de um time de rugby no sul da França - o Biarritz Olympique. O time, que tem um histórico glorioso, vivia um longo declínio que culminaria em sua falência, até que recebeu novos aportes e retomou o respeito dos residentes desta charmosa cidade praiana.

Em um comentário divulgado hoje, Louis nos conta como a epidemia afetou as finanças do time e como a intervenção do governo francês - bancando os salários e garantindo empréstimos a custo zero - embora necessária, para a sobrevivência do time e do esporte, ilustra como investir em ações de bancos se tornou algo tóxico.

De forma resumida, o seu comentário nos chama atenção sobre quão distorcida tem sido as diretrizes estabelecidas por governantes. Diz ele, que o modelo estabelecido restringindo aglomerações, faz com que o dinheiro seja gasto da forma mais improdutiva possível. Algo que, como sabemos, irá conduzir os governos a um nível de endividamento sem precedentes.

Mais importante: a utilização do canal bancário, para fazer com que os recursos cheguem aos cidadãos, vem canibalizando a atividade e reduzindo, de forma significativa, a atratividade dos bancos como uma alternativa de investimentos.

Como é de praxe, em artigos do Louis, ele conclui nos fazendo refletir a respeito das seguintes questões:

  • Será que estamos testemunhando uma importante mudança na forma como a política monetária é conduzida?

Aqui, ele questiona a forma como os bancos estão sendo utilizados para distribuir o capital da população, em um processo que vem se provando letal para a rentabilidade das instituições envolvidas no processo.

  • O que acontecerá quando chegar a data de vencimento destes empréstimos e os tomadores se mostrarem incapazes de honrar com os compromissos assumidos, devido as restrições impostas pelos Estados?

No caso do time do Louis, ele nos diz que as limitações de público nos estádios, impostas pelos governantes, praticamente garantem que o processo tende a resultar em inadimplência. Diz, também, que, devido a pressões políticas, é bem provável que as dívidas sejam alongadas, intensificando ainda mais o problema.

  • Por tudo isso, ele questiona: por que devo investir em ações de bancos?

Embora os créditos tenham o aval do Estado, os bancos não estão conseguindo vender seus produtos. A estrutura bancária está sendo canibalizada.

  • E, se os governos estão garantindo os empréstimos, será que o endividamento estatal resultará em um calote global?

Essa pergunta vem com uma resposta associada ao risco cambial, uma vez que os governos -- capazes de emitir suas próprias moedas -- podem, através da impressão monetária, fazer com que esta forma de inadimplência resulte em um processo inflacionário.

Marink Martins

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