O curioso caso da Opção PETRE56 - nasceu velha e hoje é uma criança!

11/05/2018

Quem me conhece sabe que sou um obsessivo quando o assunto é o mercado de opções. Em dias como o de hoje, ao acordar, a primeira que coisa que faço é entrar no site da B3 para conferir o "mapa" das opções - uma tabela que descreve, dentre muitos fatores, a relação entre titulares e lançadores neste mercado.

Eis que em meados de março, ao analisar tal tabela, sou surpreendido por algo que jamais acontecera durante a minha longa experiência de 20 anos atuando neste mercado. Utilizando o meu rastreador de distorções, detecto um contrato, bem distante do preço atual (PETRE56 - cujo preço de exercício é R$26,50, para vencimento em maio), com uma relação titular/lançador um tanto esdrúxula. Havia aproximadamente 8.000 titulares para 80 lançadores. Isso jamais acontecera no mercado de opções brasileiro.

O que poderia ter acontecido para atrair tantos investidores para um único contrato de opções? Vejam que, historicamente, a soma entre titulares e lançadores raramente supera 2.000 participantes. Além do elevado número de participantes, o que mais me chocou foi tamanho desequilíbrio entre as forças de mercado - entre os comprados (titulares) e os vendidos (lançadores).

Fui tomado por uma curiosidade que me fez lembrar da época em que eu era "trainee", estudando para a prova do Series 7 durante os anos 90. Quando algo assim acontece, lembro-me do velho "slogan" da NBA, "I LOVE THIS GAME"!!!

Não demorou muito e logo descobri que no dia 14/3, Felipe Miranda, fundador da Empiricus, um Taleb-Spitznageliano de carteirinha, fã de operações com características convexas, havia recomendado a compra de tais contratos aos assinantes do Palavra do Estrategista. Não hesitei e logo assinei o produto para ter acesso ao seu conteúdo, e disse a mim mesmo: tem oportunidade aí!!!

Nele, Felipe expôs seus argumentos e apresentou uma estratégia para que os assinantes pudessem desfrutar da convexidade no mercado de opções - isto é, da característica inata desses contratos onde o máximo a perder é o prêmio pago enquanto o máximo a ganhar é ilimitado.

Pesquisei mais a fundo, e descobri que nas horas subsequentes a recomendação, 90% das compras no mercado foram executadas pela corretora XP enquanto 95% das vendas foram executadas pela corretora do Banco Credit Suisse. Estava ali configurada uma situação onde havia muitas pessoas físicas na compra e uns poucos institucionais na venda.

Eu, atônito pelo desequilíbrio na relação de forças neste contrato, vendi 50.000 contratos da PETRE56 ao preço médio de 42c. Para não ficar completamente descoberto, travei parcialmente tal venda com a compra de um contrato ainda mais fora-do-dinheiro.

Não demorou muito e o preço do contrato logo caiu, não só por fatores direcionais, mas também por uma compressão em um dos fatores determinantes na precificação de tais contratos: a volatilidade implícita.

Logo que o contrato caiu para um patamar inferior a 10c, zerei minha posição. Estava convicto que os ditos comprados da E56 não aguentariam o prejuízo e logo iriam provocar uma enorme "desova" no mercado. Mas, seguindo a disciplina de sempre, não me permiti ficar vendido em um contrato cujo preço fosse inferior a 10c.

Embora tenha lucrado com a operação, errei feio em meu prognóstico! Apostava que os comprados não aguentariam o "balançar da roseira" e venderiam suas posições por volta de 20c. Dia após dia, checava o mapa de opções, e nada mudava. Os comprados, de fato, compreenderam o conceito da convexidade e se posicionaram preparados para o fato de que tal posição poderia virar pó!

Quando tudo parecia perdido, eis que vem uma disrupção global no mercado de petróleo (Elas sempre acontecem!) aliada a boas perspectivas na negociação entre a empresa e o governo no que tange o contrato de Cessão Onerosa, e o preço das ações da Petrobras dispara. Para minha surpresa, aproximadamente 7.500 titulares do contrato E56 permaneceram lá; firmes na compra. Ontem tal contrato fora negociado a 65c.

Bem, estamos há 6 dias do vencimento de opções e o desequilíbrio entre comprados e vendidos da série E (vencimento em maio) persiste! A batalha será intensa! Já comprei a pipoca e vou ficar assistindo das arquibancadas, pensando na série F (vencimento em junho).

Um bom fim de semana a todos,

Marink Martins  

A húbris ou hybris é um conceito grego que pode ser traduzido como "tudo que passa da medida; descomedimento" e que atualmente alude a uma confiança excessiva, um orgulho exagerado, presunção, arrogância ou insolência, que com frequência termina sendo punida.

A mídia financeira não para de fazer alarde no que diz respeito à falta de apetite dos investidores estrangeiros. Foi publicado ontem no Valor Econômico:

A imagem abaixo busca classificar os detentores de ações emitidas por empresas americanas entre as seguintes modalidades: famílias (Households), fundos passivos, fundos indexados (ETFs), fundos ativos, fundos de pensão, investidores estrangeiros, "hedge funds", empresas, e outros. A imagem é um tanto polêmica, pois apresenta o valor de mercado do...

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