O dinheiro nunca dorme!

17/11/2017

Na segunda versão de Oliver Stone para Wall Street, aquela denominada "Money Never Sleeps" (O dinheiro nunca dorme) tem a cena na qual o protagonista, Gordon Gekko, pergunta a seu genro se ele gosta "dela". O genro, surpreso pela incomum qualificação de gênero dada ao dinheiro, diz nunca ter pensado nele como algo feminino, no que Gekko vai a diante e reitera que o dinheiro não só é uma mulher, mas é também invejosa, nunca dorme, e está sempre demandando atenção. Trate-a mal e ela te abandona para sempre!

Para os amantes do gênero, a cena é certamente riquíssima e carrega consigo uma sutileza de alguém que desenvolveu tal conhecimento de forma empírica e traumatizante. Certamente me fez lembrar de um mundo que já convivo há quase 20 anos, capaz de ser compreendido somente por aficionados do mundo dos derivativos, do mundo das opções. Refiro-me a semana do vencimento dos contratos de opções. Algo intangível, mas que costumo descrever (peço desculpas pelo machismo as assinantes femininas do curso O Cerco Dinâmico) como uma mulher que, há seis dias do vencimento, se apresenta como linda e sedutora, mas que, ao longo da semana, se não rouba seu dinheiro, pelo menos suga toda sua energia. Por isso, ao preparar o curso que produzi para a Empiricus, fui radical e estabeleci, como parâmetro de risco a ser seguido, que investidores evitem tal período, rolando suas respectivas operações para o vencimento seguinte. Invoquei a busca pelo além-homem nietzchiano e o convívio com o yetser ha-rá descrito por Nilton Bonder para ilustrar como devemos resistir as tentações de curto prazo (aparência de elevado retorno) por algo mais duradouro, alinhado com nossos objetivos de longo prazo. No curso fiz uso também de uma analogia futebolística, argumentando que quanto mais próximo estivermos do fim do jogo, mais adentro estaremos do caos. E, uma vez inserido no caos, toda sua matemática passa a ser inútil!

Chegamos a sexta-feira, praticamente véspera do vencimento de contratos de opções (este, atípico, devido ao feriado de segunda-feira). Não podemos dizer que a semana foi marcada por elevada volatilidade, mas mesmo assim, o comportamento traiçoeiro descrito acima, pôde ser visto, tanto no mundo da Petrobras (início da semana), como no mundo da Vale (em um breve intervalo ontem, na abertura dos ADRs). Aqueles que seguiram a minha recomendação e rolaram suas operações, provavelmente, nem sequer notaram a oscilação da Vale. Podem até ter obtidos ganhos menores em termos relativos aos aventureiros dos últimos dias, mas espero ter os convencidos de que seus ganhos são mais sólidos, construídos em uma base mais duradoura, capaz de os levar emocionalmente a uma posição financeira mais confortável e resiliente.

Um bom fim de semana a todos,

Marink Martins, CNPI

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