O que mudou de sexta-feira para cá?

20/05/2020

Nos últimos 3 dias vimos o índice S&P 500 se apreciar mais de 100 pontos e o IBOV subir mais de 5.000 pontos. Será que estamos no início de um novo "bull-market"?

Não tenho uma resposta precisa para esta segunda pergunta. Contudo, buscando responder à pergunta feita no título, aponto para o fato de que agora há uma iminente união fiscal na Europa como o principal fator contribuindo para a recente valorização.

Todos que acompanham os mercados emergentes sabem quão dependente é a região no que diz respeito ao tema "dollar funding" (liquidez internacional da moeda americana).

A decisão europeia - embora ainda necessite de aprovação unânime dos 27 países membros da União Europeia - fez com que o "dollar index" (DXY) recuasse para US$99. Na semana passada este índice estava flertando com o patamar de 101, e muitos especulavam a respeito de um rompimento do patamar de 104. Por isso, a aversão a emergentes era grande. O que temos neste momento é um "rally" de alívio!

Para frente acredito que a performance, não só do IBOV, mas dos principais índices globais permanece vulnerável a ruídos políticos e, naturalmente, a notícias associadas aos processos de reabertura da economia americana.

Uma frase dita por Cândido Bracher (Itaú BBA) no Valor Econômico me chamou atenção. Disse ele: "todos sairão mais endividados no fim deste ciclo". Sua fala está em linha com os argumentos que apresentei no mais recente "MyCAP Tendências Globais". Estamos vivendo uma recessão patrimonial, nos moldes descritos pelo economista Richard Koo.

Sendo assim, devemos ter em mente que "estragos" estruturais foram feitos e, por mais que os BCs busquem passar uma impressão de normalidade, temos um longo caminho para recuperar a produtividade perdida. Tudo isso, sem falar sobre o embate eleitoral nos EUA, publicação do vídeo da reunião ministerial no Brasil, e outros fatores que contribuirão para uma maior volatilidade nos próximos dias.


Marink Martins

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