Os efeitos de uma sub-alocação

18/08/2022

O tema sub-alocação é um que é frequentemente discutido em meus textos e vídeos. Em um passado distante, enfatizei por aqui que o mundo estava sub-alocado em ativos chineses. Não demorou muito, e os investidores globais transformaram os títulos de 10 anos emitidos pela China (10y CGBs) em um dos melhores ativos de renda fixa dos últimos 5 anos.

Já no começo de 2019, o meu foco estava na inclusão das A-shares (ações listadas na China Continental) na carteira MSCI Emerging Markets. Este foi um tema de grande valia que contribuiu bastante para uma "outperformance" de ETFs como o KBA. Aquela tendência altista acabou tendo ramificações em todos os outros mercados emergentes.

Recentemente, entretanto, venho enfatizando a sub-alocação dos fundos de ações brasileiros em ações da Petrobras. Quem monitora a performance dos fundos de ações locais sabe que a grande maioria está performando mal em relação ao IBOV justamente devido ao "atropelo" da grande petrolífera brasileira. Dito isso, como para tudo há um limite, é possível que este ciclo de alta relativa na Petrobras esteja chegando ao fim.

Me chamando mais atenção no momento está o seguinte:

Em se tratando da carteira MSCI global (ETF ACWI), os EUA lideram com um peso de 61,97%. O segundo lugar pertence ao Japão com um peso de 5,39%. Já em terceiro, temos o Reino Unido com 3,78% e China com 3,49%. Em pensar que o Japão já teve um peso superior a 50% em 1989!

Argumento que esta distribuição de pesos entre países na carteira MSCI global vai sofrer grandes disrupções! E o timing é AGORA! Sabe-se que nos mercados "everything happens at the margin"! (Mudanças ocorrem de forma marginal)

Imagine você se os EUA perdessem uns 7 pontos percentuais na carteira MSCI (neste momento, uma simples suposição minha). Este valor corresponde a algo não muito distante de 5 trilhões de dólares. E te pergunto? Será que haveria disposição para canalizar recursos para o Reino Unido, França e Alemanha nos tempos atuais? O leitor provavelmente já sabe a minha resposta. Assim, reitero o meu otimismo com a América do Sul e seu mercado mais líquido: o brasileiro.

A eleição brasileira é importante sim. Mas, antes disso, teremos um 5 de setembro importantíssimo na Inglaterra. Se der Liz Truss, é possível que alguns "basis points" de alocação global venha parar no Brasil. Pense nisso!

De olho no 3,78% de participação do UK!!!

MyVOL (Twitter, 18/8/2022)


Marink Martins

www.myvol.com.br