Escrevo este comentário nesta noite de domingo pois julgo importante preparar os nossos assinantes para uma semana que promete ser mais tensa. Afirmo isso pelo fato da moeda turca estar se desvalorizando neste exato momento em aproximadamente 9%. Além disso, moedas de países considerados frágeis por apresentarem "twin déficits" (déficits gêmeos - fiscal e em conta corrente) estão sofrendo. Entre elas, as moedas da Indonésia e da África do Sul despontam registrando fortes desvalorizações.
Há chances de uma crise similar àquela registrada na Ásia em 97/98?
É pouco provável!!! Como diz Louis-Vincent Gave, fundador da Gavekal: A Turquia pode até ser considerada um peixe grande, mas, definitivamente, não é uma baleia!
Os países asiáticos estão em situação econômica bem superior àquela registrada no fim dos anos 90.
Dito isso, há razões para acreditar que os mercados poderão cair mais e, eventualmente, gerar um certo pânico nos mercados emergentes. Seguem algumas delas:
- As condições iniciais os deixam vulneráveis. O risco-país da Turquia estava na sexta-feira em 430 pontos. O mesmo risco registrado pela Argentina no começo deste novo milênio superou 1.500 pontos. Há espaço para uma maior deterioração.
- Não há plano econômico sendo divulgado pelos turcos. Até o momento a atitude de Erdogan foi a seguinte: implorar aos cidadãos que vendam seus dólares e euros e assumam uma postura mais patriótica; algo inócuo. O líder turco se mantém resistente a ideia de elevar os juros para segurar o fluxo cambial.
- Há bancos europeus expostos. Em particular o BBVA e o Unicredito. Sendo assim, rumores de que tais bancos necessitarão de um "bail out" provavelmente irão circular pelas diversas mesas, contribuindo para uma maior aversão a mercados emergentes.
- A desvalorização na moeda sul africana de 7% neste momento deverá colocar pressão na moeda brasileira.
- Huarong - a maior empresa de financiamento chinesa - divulgou um resultado ruim e um aviso de que terá que fazer provisões adicionais. As ações caem fortemente.
- Para finalizar esta breve lista, vai um "achismo" meu: Até o dia 6 de novembro, data da eleição de "mid-term" nos EUA, um dólar mais forte (mesmo que provoque caos nos emergentes) tende a fazer com que a imagem dos EUA para os eleitores americanos seja uma de liderança, contribuindo assim para a manutenção republicana no poder - tudo que deseja Trump.
Por tudo isso, defenda-se!
Considere a venda de contratos futuros do Ibovespa, a venda de opções defensivas e a compra de dólar futuro como possível defesa.
Observe também que o VIX, índice associado a expectativa de volatilidade do índice S&P 500 está em 14,5% - o que denota uma expectativa de variação inferior a 1% (nada assustador por enquanto). Sendo assim, não há razão para pânico!
SAVE THE DATE! No dia 25/08, um sábado, das 9:30 as 12:30, irei realizar um WORKSHOP MyVOL em São Paulo onde irei abordar muitos assuntos -- inclusive estes tipos de proteção. Você será devidamente convidado ao longo dos próximos dias.
Marink Martins