Remdesivir: um "milagre" fabricado pelos mercados

17/04/2020

A notícia de que pacientes em um hospital em Chicago que usaram o antiviral Remdesivir no tratamento da Covid-19 se recuperaram rapidamente foi divulgada no terminal da Bloomberg as 16:21, sem que agentes ou algoritmos dessem muita atenção. Entretanto, passados alguns minutos, tal notícia chegou à CNBC e, voilà, os mercados subiram como um foguete.

Aqui no Brasil, a notícia chegou no momento do after-market impactando bruscamente a negociação dos contratos futuros do IBOV que se valorizaram em 1.500 pontos.

O Remdesivir é um antiviral produzido pela empresa norte-americana Gilead Sciences e vem sendo utilizado desde o início da pandemia por pacientes chineses. Eu ouvi a respeito do antiviral no início de março em uma entrevista concedida pela pneumologista Dr. Margareth Pretti. Desde então venho acompanhando de perto as ações da Gilead Sciences.

Observe que o medicamento foi originalmente concebido para o tratamento da febre associada ao Ebola. A Gilead Sciences está promovendo alguns testes seguindo protocolos do FDA (o equivalente a ANVISA por lá) e os resultados deverão ser divulgados no mês que vem. Mesmo assim, o mercado resolveu embarcar em um relato anedótico e já tem gente falando pela mídia social que uma vacina foi encontrada para a Covid-19!

Não posso deixar de mencionar também que Trump, ao permitir o fim do "lockdown" em alguns estados americanos, também contribuiu para a euforia vista durante as horas que sucederam o fechamento do pregão americano.

Observe que há conspiradores que afirmam que tudo isso tem a ver com o fato de que esta sexta-feira é vencimento de opções sobre ações nos EUA!

Seja o que for, o investidor deve se preparar para uma sexta-feira turbulenta com enorme potencial de "violinos" (expressão de mercado que denota reversão de tendência) ao longo do dia.

Marink Martins

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