Reminiscências da crise asiática de 1997
Aqueles que me acompanham aqui no MyVOL sabem que venho traçando um paralelo entre o comportamento do mercado atual com aquele visto há 23 anos, durante a crise asiática de 1997.
Em destaque, chamo atenção a 5 ocorrências daquela época que poderão se mostrar presentes nos dias de hoje.
1. Desvalorização cambial -- A crise de 1997 foi uma crise cambial. A de hoje, certamente não é. Mesmo assim, temos a segunda economia do mundo - a China (16% do PIB global) - paralisada e com uma inflação acima de 5%. Curiosamente, sua moeda permanece estável, por volta 1USD = 7 CNY. Uma desvalorização para 7,50 poderá gerar efeitos deflacionários por todo o mundo.
2. Colapso na velocidade de circulação do dinheiro -- você não precisa conhecer a fórmula MV = PQ para saber que, em momentos de aversão a risco, surge, do nada, uma crise de liquidez. Para entender melhor esta dinâmica, não deixe de ler o artigo publicado no Wall Street Journal ao clicar aqui.
3. A quebra de um importante participante no mercado -- Yamaichi Securities, LTCM (1998), Banco Garantia, e outros quebraram e/ou foram vendidos forçosamente no período entre 1997/1998. Hoje, já tivemos o HSBC fazendo um impairment de US$6 bi. Os bancos franceses são os financiadores do COEs vendidos na Coreia do Sul.
Em momentos de crise, observa-se algo análogo a pesca com dinamites: primeiro emergem os peixinhos, depois a emerge a baleia.
Louis-Vincent Gave, fundador da Casa de Pesquisa Gavekal
4. Pressão por pacotes
econômicos esdrúxulos -- no Brasil quem tem boa memória vai lembrar do
PACOTE 51 do dia 12/11/1997. Bem, a China e Hong Kong já estão jogando dinheiro
de helicóptero! Não é bem assim, mas é como se fosse!
5. Pressão por troca de
ministros/líderes -- quando o item número 4 não dá certo, é comum achar um
culpado. Possíveis candidatos: Shinzo Abe, Xi Jinping, Donald Trump, Jeremy
Powell, Roberto Campos Neto, Paulo Guedes.
Finalizo este texto chamando atenção do leitor para dois gráficos importantes:
Este primeiro nos chama atenção que, em 2018, não houve emissão de títulos por emissores de títulos especulativos. A crise que se iniciaria em dezembro de 2018, em pleno período natalino, foi revertida pelo FED.
Vamos ao segundo gráfico:
Algo similar acabou de ocorrer no último trimestre de 2019. O gráfico acima mostra que as empresas do setor petrolífero norte-americano não conseguiram emitir ações no período, apesar da ampla liquidez fornecida pelo FED.
Será que o FED conseguirá reverter o processo novamente? Eis a pergunta de 1 trilhão de dólares.
MyVOL / Marink Martins