A essa altura aqueles que acompanham os meus textos já sabem
do meu ceticismo com relação aos mercados.
Hoje prefiro ser curto e objetivo pois, diante de inúmeras
forças aleatórias (ótimo resultado da Petrobras + incertezas globais), temos um
nível de incerteza que condiz com níveis de volatilidade superiores aos
praticados nos mercados.
Como vimos no episódio que marcou o mês de fevereiro deste
ano, aquele em que um fundo do Credit Suisse quebrou ao se posicionar
extremamente vendido em volatilidade, muitas vezes o termômetro do mercado (a
volatilidade implícita dos contratos) se descola da realidade pelo simples fato
do próprio termômetro ter se transformado em um ativo negociável.
Pois é, estamos a meu ver diante de um momento que julgo ser
reminiscente do primeiro semestre de 1997. Desculpe voltar tanto no tempo, mas
foi um período marcante; um de enorme otimismo, onde o Brasil parecia avançar,
mas foi contaminado por uma doença asiática. Bem, era uma época bem distinta da
atual, onde diversos países emergentes, incluindo o Brasil, praticavam um
câmbio fixo atrelado à moeda norte-americana.
Mesmo assim, apesar desta enorme diferença, os números de hoje
associados à volume negociado, interesse estrangeiro, grau de alavancagem, e outros indicadores, também são bem diferentes, e afirmo isso em um sentido que indica uma maior
vulnerabilidade atual.
Para ser um pouco mais preciso, trago um dado global que tive
contato recentemente que muito me preocupou. O volume de dívidas corporativas
nos EUA praticamente dobrou nos últimos 10 anos, sendo que a capacidade de
atuação dos agentes neste mercado foi reduzida drasticamente devido a diversas
regulamentações como a lei Dodd-Frank. O mais grave é que isso ocorre em um
mercado onde há uma maior participação do investidor de varejo
via o mercado de ETFs. Em suma, temos uma situação de risco de liquidez que vem
sendo praticamente ignorada pelos mercados.
Para honrar com o meu compromisso de ser curto, finalizo com a
mensagem que venho propagando já há alguns meses: CAVEAT EMPTOR!
Marink Martins