Reminiscências de 1997. CAVEAT EMPTOR!

08/05/2018

A essa altura aqueles que acompanham os meus textos já sabem do meu ceticismo com relação aos mercados.

Hoje prefiro ser curto e objetivo pois, diante de inúmeras forças aleatórias (ótimo resultado da Petrobras + incertezas globais), temos um nível de incerteza que condiz com níveis de volatilidade superiores aos praticados nos mercados.

Como vimos no episódio que marcou o mês de fevereiro deste ano, aquele em que um fundo do Credit Suisse quebrou ao se posicionar extremamente vendido em volatilidade, muitas vezes o termômetro do mercado (a volatilidade implícita dos contratos) se descola da realidade pelo simples fato do próprio termômetro ter se transformado em um ativo negociável.

Pois é, estamos a meu ver diante de um momento que julgo ser reminiscente do primeiro semestre de 1997. Desculpe voltar tanto no tempo, mas foi um período marcante; um de enorme otimismo, onde o Brasil parecia avançar, mas foi contaminado por uma doença asiática. Bem, era uma época bem distinta da atual, onde diversos países emergentes, incluindo o Brasil, praticavam um câmbio fixo atrelado à moeda norte-americana.

Mesmo assim, apesar desta enorme diferença, os números de hoje associados à volume negociado, interesse estrangeiro, grau de alavancagem, e outros indicadores, também são bem diferentes, e afirmo isso em um sentido que indica uma maior vulnerabilidade atual.

Para ser um pouco mais preciso, trago um dado global que tive contato recentemente que muito me preocupou. O volume de dívidas corporativas nos EUA praticamente dobrou nos últimos 10 anos, sendo que a capacidade de atuação dos agentes neste mercado foi reduzida drasticamente devido a diversas regulamentações como a lei Dodd-Frank. O mais grave é que isso ocorre em um mercado onde há uma maior participação do investidor de varejo via o mercado de ETFs. Em suma, temos uma situação de risco de liquidez que vem sendo praticamente ignorada pelos mercados.

Para honrar com o meu compromisso de ser curto, finalizo com a mensagem que venho propagando já há alguns meses: CAVEAT EMPTOR!

Marink Martins

Finalmente tivemos o alinhamento (ou aproximação) entre as expectativas expressas no Boletim Focus e o que vem sendo precificado na curva de juros brasileira no que diz respeito à taxa SELIC para o fim deste ano.

Ainda que Nietzsche tenha dito que não há verdades, somente interpretações, posso apostar que amanhã -- mais precisamente às 9:30 de Brasília -- a mídia financeira irá proclamar algo definitivo a respeito da economia americana. Um número forte (criação de > 175.000 empregos) fará com que afirmem a tese de "pouso suave" ("soft landing"). Já um...

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