Rocketman vs. Tariff Man

03/06/2019

Não deu para assistir o filme do Elton John pois toda a minha atenção está voltada para o autoproclamado Mr. Tariff Man (Trump). Espero que você tenha tido oportunidade de ler o artigo que escrevi no sábado cujo título era "Não é porque você está paranoico que eles não estão, de fato, querendo te pegar! Neste texto explico as razões para o meu desconforto com os mercados internacionais.

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Escrevo para você na noite de domingo. Neste momento o futuro do índice S&P 500 cai 12 pontos após já ter registrado uma queda de aproximadamente 20 pontos no momento da abertura. A principal notícia deste fim de semana foi o comunicado oficial feito pela China alegando que a culpa da recém-intensificação da guerra comercial é dos americanos.

Os chineses ainda preparam uma resposta para o bloqueio a exportações da Huawei. Neste fim de semana foi mencionada a intenção de se publicar uma lista com empresas americanas designadas como "suspeitas" pelo governo chinês. A primeira da lista parece ser a FedEX. Mesmo assim, creio que o contra-ataque chinês não avance muito neste sentido. Os estrategistas que acompanho apostam em alternativas associadas a geopolítica. Gravei um vídeo MyCAP Tendências Globais, que irá ao ar nesta terça-feira, dia 4/6, onde discuto 6 alternativas de contra-ataque. O vídeo ficou bem legal. Não deixe de conferir.

Mas, voltando ao Mr. Tariff Man, embora a mídia tenha, na última sexta-feira, se dedicado a discutir a tarifa imposta ao México, ninguém mencionou o fato de que Trump suspendeu o status da Índia que, como país em desenvolvimento desfrutava de uma vantagem tributária em suas exportações para os EUA. E tem mais! Os americanos deram um ultimato aos alemães quanto ao uso da tecnologia 5G da Huawei em seu país.

Em suma, não há dúvida que o aclamado processo de globalização que tanto contribuiu para o crescimento econômico global está sendo atacado. Que fique claro que não desejo aqui avaliar quem está certo nisso tudo. O meu objetivo é ajudar a você ganhar dinheiro e proteger as suas conquistas.

Caso a situação se intensifique, é possível que entremos em um período onde mais importante do que o retorno sobre o capital é RETORNO DO PRÓPRIO CAPITAL!

Creio que ainda não seja o caso de uma postura tão radical, mas é importante que você caminhe sem alavancagem e esteja preparado a abrir mão de uma eventual alta em nome da preservação de seu capital.

O IBOV está perto da máxima. Há quem diga que estamos em um Bull Market no Brasil. Eu certamente posso estar errado, mas não vejo evidências para acreditar na possibilidade de um bull market brasileiro caso haja uma recessão global. Observe que a nossa economia se arrasta. A reforma da previdência vai passar, pois sua não aprovação seria definitivamente um caos para o país.

A última semana se mostrou muito interessante no que diz respeito a tese de descolamento. Mas entenda que não se trata de saber para onde a bolsa vai. Eu não sei. O objetivo aqui é estabelecer probabilidades. Há certamente uma chance de que, mesmo em um cenário adverso, a bolsa brasileira suba. Mas, se assumirmos, por exemplo, uma probabilidade de 20% para a tal tese de descolamento, seria sensato investir pesado acreditando que o Brasil irá fazer o seu "dever de casa"?

Acho que tudo que irá depender da magnitude de um movimento adverso nos mercados internacionais. É possível que este movimento nem sequer ocorra de imediato, mas que as coisas caminham para um declínio na lucratividade das empresas norte-americanas, isso parece ser unanimidade.

Sendo assim, observe que o índice S&P 500 já registra 6 semanas de queda. Tecnicamente o índice pode até estar "oversold", mas a deterioração nas relações comerciais começa a ganhar um maior destaque. Especula-se que o mercado já precifique uma sequência de três quedas de 25 bp na taxa básica americana. Só falta combinar com o FED!

Será que Trump, estrategicamente, vai forçar a barra de forma a deixar o FED sem saída? Independente da resposta a essa pergunta, a sua simples existência, já justificaria uma maior volatilidade nos mercados. Vamos observar de perto o dólar index (DXY) assim como a relação entre o USD e a moeda chinesa, CNY. Um câmbio superior a 7CNY por 1USD poderá desencadear uma realização nos ativos de risco.

Uma boa semana a todos,

Marink Martins 

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