Rotação setorial em curso

27/07/2020

Inicio a semana reiterando a minha expectativa de que o movimento de rotação setorial visto na semana passada persista ao longo dos próximos dias.

Na semana passada observamos uma maior aversão a risco, não só nos EUA, mas por aqui também. Tanto as ações das empresas líderes do Nasdaq como as ações do varejo digital brasileiro sofreram em termos relativos.

Argumento que o catalisador para este movimento é a queda do dólar medida pelo tombo no "dollar index" (DXY). Isso ocorre pois o euro vem se apreciando fortemente uma vez que o risco de um colapso monetário europeu foi dizimado (pelo menos no curto prazo) devido a união fiscal aprovada na semana passada.

Tudo isso vem contribuindo para uma maior procura por ativos europeus e por commodities metálicas. Aos poucos, o dólar começa a parecer tóxico. Embora esse dinâmica também esteja se manifestando por aqui - através de uma valorização do real - não devemos ignorar que a situação fiscal brasileira não é encorajadora o suficiente para acreditarmos em um grande espaço de apreciação da moeda brasileira frente a moeda americana.

Nesta semana que se inicia e que está recheada de balanços divulgados ao redor do mundo, creio que o mercado irá continuar a privilegiar ações ligadas a valor em detrimento àquelas ligadas a crescimento (refiro-me ao famoso "value vs growth").

Neste sentido, devemos ficar atentos a Petrobras, Vale, Ambev e bancos. É importante ressaltar que a volatilidade implícita associada aos contratos de opções de Ambev estava muito elevada nesta última sexta-feira. Algo estranho está no ar! Há uma expectativa de movimento forte embutido na precificação das opções de ABEV3!

Um outro dado que julgo ser relevante e dialoga bem com o que busco transmitir neste comentário, diz respeito a uma tabela publicada pelo Goldman Sachs ilustrando o potencial de mercado do comércio eletrônico brasileiro. Observe através da tabela abaixo as estimativas do banco para as vendas do comércio eletrônico brasileiro para o ano de 2024.

Feito isso, compare este número com o somatório do valor de mercado das três empresas que se destacam neste segmento (MGLU3+BTOW3+VVAR3 = aprox. R$218 bilhões).

Ciente dos problemas da comparação feita acima, argumento que o mercado já esteja precificando um cenário otimista demais para um segmento que se mantem fragmentado e que, nos EUA - apesar de tudo que observamos por aí - ainda representa somente 12% do total de vendas do varejo. Não me entenda mal. O potencial é imenso, porém, os mercados muitas vezes exageram.

Marink Martins  

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