Sai da venda Montezano!

17/07/2019

Gustavo Montezano, o novo presidente do BNDES, listou cinco metas para o banco neste segundo semestre. Dentre elas, acelerar a venda de "participações especulativas" em bolsa, na ordem de R$100 bilhões!

Se você não ficou chocado com esta informação, provavelmente não entendeu direito seu propósito. Eu que opero diariamente ações e opções de Petrobras PN no âmbito da minha estratégia de "Dynamic Hedging" confesso que esta notícia me deixou intrigado. Ora, dê uma olhada nas principais posições ditas "especulativas" do banco de desenvolvimento:

O banco possui nada menos que R$70 bi, destes R$100 bi, em ações da Petrobras e Vale. Mesmo que a instituição venda somente um pequeno percentual de sua posição, o tamanho tende a ser grande o suficiente para não só conter o ímpeto altista na bolsa, mas também para provocar uma "underperformance" relativa das ações destas empresas vis-a-vis a performance do IBOV.

Isto de certa forma já vem ocorrendo. Observe que os preços respectivos das ações da Petrobras e da Vale estão nos mesmos níveis de quando o IBOV estava lá, próximo a 95.000 pontos.

Em um passado distante, no fim da década de 90 e início do século, o mercado esperava ansiosamente por operações conhecidas como "block trades" do BNDES. Na ausência de IPOs, tudo que as corretoras desejavam era gerar corretagens através destes tipos de operações. Todos sabiam que tal operação gerava o que é conhecido como "overhang" (uma espécie de ressaca pós-venda de grandes lotes de ações) nos mercados, mas a necessidade de caixa da instituição sempre falava mais alto.

Desta vez a necessidade de caixa também deverá falar mais alto; afinal o Brasil está em uma situação fiscal extremamente delicada. Os investidores não devem se esquecer que o governo vive de um crédito suplementar aprovado recentemente pelo congresso!

Dito isso, ontem escrevi um texto cujo título era A Insidiosa Volatilidade onde disse que períodos de baixos níveis de volatilidades normalmente são seguidos de choques provocados por eventos catalisadores. Um desses eventos poderá estar relacionado com a conjunção de notícias positivas e negativas relacionadas a Petrobras. Falo aqui do seguinte: notícias positivas associadas a cessão onerosa versus notícias negativas associadas a venda de posições acionárias na empresa.

Para concluir, o assinante MyVOL não pode deixar de observar dois eventos que poderão pressionar a bolsa:

  • A segunda parte da alteração na carteira de mercados emergentes da MSCI que deverá entrar em vigor em agosto e promover uma maior alocação para ativos chineses.
  • Uma pressão vendedora vinda do BNDESPar e discutida acima.

Lembre sempre que o investidor doméstico sofre de uma "doença" conhecida em inglês como "Home Country Bias". Aqui no MyVOL uma das missões é buscar remover esse tal ufanismo e agir de forma mais objetiva.

Marink Martins  

www.myvol.com.br