Só os paranoicos sobreviverão!

12/12/2017

Promovendo uma pequena adaptação ao título do famoso livro do fundador da Intel, Andrew Grove ("Only The Paranoid Survive"), creio que chegamos a um período doloroso, onde o investidor deverá ser extremamente paciente e preparar sua vida para retornos menores.

Quando digo paciente, não me refiro a capacidade de tolerar uma maior volatilidade, mantendo-se comprado em uma carteira de ações para o longo prazo. Me refiro justamente ao oposto! O investidor deverá ser paciente, reduzir seus custos de vida e preservar liquidez financeira para oportunidades que certamente virão. Ao longo dos próximos dias irei explorar melhor esta tese.

Prever o "timing" do retorno da volatilidade global é impossível. Mesmo assim há indícios de que vivemos em um momento dominado pela "greater fool theory" (teoria do maior tolo), uma na qual ativos são comprados, não pensando em seu valor intrínseco, mas sim na possibilidade de que um "maior tolo" surgirá para tirá-los de nossa carteira. Acredita-se aqui no Brasil que este maior tolo seria os fundos de pensão, as pessoas físicas e os investidores institucionais; todos sub-alocados em renda variável quando comparado com outros momentos da história. Sei não!

O problema é justamente esta nossa tendência de olhar para história e ficarmos ancorados a médias. Não há crescimento significativo do PIB no mundo desenvolvido quando este é ajustado para a quantidade de moeda (M2) em circulação. O grande movimento secular de queda de juros, iniciado nos anos 90, se aproxima de seu fim. Em paralelo, os níveis de produtividade do trabalho colapsaram no mundo, com exceção em alguns países da Ásia.

Pensando nisso tudo, fico impressionado com o número de pessoas hoje que, ao ler a biografia de Warren Buffet, acredita que "buy & hold" é o caminho para replicar o sucesso do oráculo de Omaha. Entretanto, muitos não levam em consideração que Buffet, com toda sua técnica e disciplina, encontrou dos anos 60 aos 80 um país de "baby boomers", que crescia sua população a taxas expressivas. Encontrou um país menos endividado. Encontrou ativos que negociavam a múltiplos significativamente mais baixos do que os registrados hoje em dia. Muitos se esquecem que Buffet, embora tenha dito que derivativos são "armas de destruição em massa", deriva boa parte de sua rentabilidade do mundo segurador através de sua participação na Berkshire Hathaway Reinsurance, General Re, GEICO e outras.

Bem, não há dúvida quanto a genialidade de Warren Buffet. É um dos maiores vendedores de Opções do mercado, mas faz-se perceber um "value investor". Buffet, o gênio do marketing.

Marink Martins, CNPI 

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