Sobre a canetada de Trump

O impasse entre democratas e republicanos foi resolvido através de uma medida provisória anunciada por Trump no último sábado.
O jogo eleitoral norte-americano, tão discutido através dos vídeos Tendências Globais, entra em uma fase mais intensa e deverá colocar uma espécie de piso na volatilidade dos mercados.
Não é à toa que o tesouro americano, ao longo dos últimos meses, acumulou um saldo em sua conta corrente (TGA -"Treasury General Account") de 1,8 trilhões de dólares, contra uma média de saldo histórica de somente 250 bilhões de dólares.
Especula-se que o governo Trump, de forma estratégica, tenha se preparado para o impasse com os democratas. O movimento anunciado por Trump no sábado tem como objetivo colocar seus oponentes em uma situação nada confortável. Ou os democratas se calam e deixam Trump colher os frutos associados ao segundo pacote econômico de estímulo, ou lutam na justiça contra sua decisão; algo que pode ser mal interpretado pela população do país que está ávida por mais recursos.
Em condições normais, deveríamos esperar por uma retração nos mercados. Contudo, o período atual pouco tem a ver com o que classificamos de normalidade.
Vivemos um período econômico em que a preocupação com o efeito riqueza toma uma proporção impensável. Refiro-me a preocupação de que qualquer queda significativa nos mercados irá reduzir de forma significativa a propensão marginal ao consumo.
Com isso, o que temos é um mercado cada vez mais artificial, com preços cada vez mais distantes de seus fundamentos econômicos.
O que fazer diante disso? Julgo que o melhor é jogar na defesa. O melhor é reduzir o prazo dos investimentos. Reduzir o tal do "duration". Infelizmente, tenho que concluir com uma sugestão que fiz em uma apresentação em novembro de 2017: adeque a sua vida para conviver com retornos menores!
Marink Martins