"Não serei eleito pelo pregão da Bolsa, diz Boulos''
Na tarde deste sábado, dia 21, com
girassóis em punho e gritos de guerra, o PSOL anunciou em sua Convenção
Eleitoral a confirmação da candidatura de Guilherme Boulos e Sonia Guajajara.
Está na coligação também o PCB (Partido Comunista Brasileiro); e apoio recebido dos movimentos sociais MTST,
Mídia Ninja, UJS (União Juventude Socialista) e Juntos (movimento jovem do
PSOL).
Boulos, conhecida figura do MTST, disse que a candidatura não apresenta somente
um projeto de 2018, mas o projeto de uma geração. O candidato elencou 3
desafios como cruciais para o PSOL: "enfrentar o golpe de Michel Temer e tirar
o país da crise; enfrentar os privilégios daqueles que se dizem donos do
Brasil; e ter compromisso com os nossos princípios''.
Dentre as falas dos militantes e
candidatos, foram citadas como pautas a revogação da lei do teto de gastos, a
taxação de grandes fortunas e heranças, a reforma agrária, a reforma
habitacional, a legalização do aborto, e a desmilitarização da polícia. O
judiciário, segundo Boulos, quer decidir as coisas "no tapetão", e está
"criminalizando movimentos sociais". Bolsonaro e General Villas Boas - este
último que está encontrando candidatos à presidência para sabatiná-los - foram
criticados, pois Boulos disse que o partido não irá bater continência para
ninguém. Purista, o discurso do PSOL enfatizou o fato de não fazer alianças com
o mercado - e sim com a "população mais pobre e trabalhadores" - resgatando o
discurso dilmista desenvolvimentista brasileiro, de que se precisa fortalecer a
indústria nacional, as estatais, e o Brasil, contra os grupos multinacionais.
O mercado e o "1%" foram chamados de inimigos do povo, reforçando o evidente
antagonismo do PSOL frente ao que veem como culpados pela "retirada de direitos
do povo".
Por fim, aos gritos de "Não é mole não, o presidente que faz ocupação", a
convenção do PSOL terminou com alusões à esperança e convocação da militância -
resta saber qual será o lado escolhido pelo PSOL em eventual segundo turno.
Dadas as controvérsias acerca da prisão do ex presidente Lula e a derrocada
recente da esquerda no plano ideológico brasileiro, as lideranças de esquerda
não sinalizam até o momento possuírem nem intenção nem força eleitoral para
agregar em torno de si uma candidatura única - pois somente neste caso
conseguiria ir para o segundo turno com folga. PSOL, PT e PCdoB são comidos
pelas bordas pela candidatura de Ciro Gomes, ao que se indica que pela
personalidade controversa, herdará os votos antes personificados na figura de
"homem do povo" do ex presidente Lula. Com isto, Ciro Gomes poderá fazer frente
ao tranquilamente coligado Geraldo Alckmin (PSDB) e o popular e polêmico Jair
Bolsonaro (PSL); saindo deste time o vencedor que decidirá os rumos das
políticas monetárias e do Banco Central em 2019. O que teremos nesta semana?
MyVOL