Sobre a "outperformance" americana vista nesta terça-feira

21/07/2021

Os mercados sacudiram nos últimos dois dias. O VIX -- medida de expectativa de oscilação para o índice S&P 500 -- saiu de aproximadamente 16% na sexta para 25% na segunda-feira e 20% na terça-feira. Contudo, o comportamento dos principais índices dos EUA ontem foi surpreendente. Por alguma razão, os outros índices globais se mostraram céticos diante do movimento.

Dentre as razões para esta "outperformance" americana, podemos especular a respeito de três fatores:

  1. Uma investigação feita via Google Trends nos mostra que os americanos estão muito menos preocupados com a pandemia do que os cidadãos de outros países.
  2. O declínio na taxa dos títulos do tesouro de 10 anos nos EUA é um forte sinal de que o mercado acredita na transitoriedade deste período inflacionário.
  3. Crescem as expectativas de que os aumentos dos impostos propostos por Biden não serão aprovados este ano. Além disso, muitos esperam que os democratas perderão o controle do congresso no ano que vem. Ambas as expectativas são, em tese, positivas para os mercados.


A verdade é que os esforços do governo -- com a ajuda do FED -- vão na direção de promover uma performance econômica de alta pressão neste segundo semestre. Neste sentido, o governo busca fazer com que as empresas invistam em CAPEX (investimentos), promovendo assim ganhos de produtividade e ganhos salariais. Se isso irá ocorrer ou não ainda é uma dúvida, mas que os passos estão sendo dados, isso poucos questionam.

Diante disso, o que esperar dos mercados?

Primeiramente, preciso dizer ao leitor que boa parte do meu pessimismo de curto prazo se foi diante do comportamento dos mercados nestes últimos dois dias. Espero que a volatilidade se mantenha mais elevada do que na semana passada -- talvez, um VIX entre 18% e 25%. Historicamente, as primeiras semanas de agosto tendem a ser mais voláteis.

Dito isso, lá fora, assim como na política, temos um mercado também polarizado. De um lado, temos as "Big Techs" com 23% de participação no S&P 500 e do outro o resto das ações. Penso que, para que a "festa" dos mercados persista, é necessário que as "Big Techs" estejam no comando. Em outras palavras, e de forma resumida, boa parte da performance nos EUA depende de um bom engajamento dos consumidores com a tecnologia 5G que a Apple está oferecendo.

Caso dê tudo certo nos EUA, os outros índices globais tendem a vir a reboque, apesar de claros sinais de exaustão -- em particular, no que diz respeito às empresas de tecnologia da China. Aqui no Brasil, penso que a Petrobras poderá ser reprecificada de forma favorável na medida em que o mercado se conscientizar do longo período de elevada geração de caixa que está por vir.

Marink Martins

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