Toda atenção dedicada a este ativo (sintoma)

19/02/2021

No gráfico acima reúno 5 ativos - 4 ativos de risco associados aos principais índices bursáteis do Brasil, México, Coréia do Sul e EUA (small caps), e um de proteção (TLT) que é um ETF associado a títulos do tesouro americano de longo prazo.

Sabe-se que a descoberta das vacinas e a eleição de Biden contribuíram para um cenário de "Risk ON" que impulsionou os ativos de risco. Tal valorização foi abrangente até o início de janeiro.

De lá para cá, entretanto, os ativos brasileiros e mexicanos começaram a andar de lado. Curiosamente, observa-se também que o preço do TLT começou a cair no mesmo período. O título de 10 anos do tesouro americano viu seu rendimento subir de 0,8% para 1,3% ao ano nas últimas semanas!!! (Quando o rendimento de um título de renda fixa sobe, seu preço unitário (PU) cai).

Neste período, observamos também uma espécie de "vale tudo" ou "oba oba" nos mercados que, não só impulsionaram o Bitcoin, as ações associadas a cannabis, mas também provocaram o maior "short squeeze" da história dos mercados. Não é à toa que ontem vimos uma audiência colocando frente a frente políticos americanos e os CEOs da Robbinhood, Citadel, Melvin Capital e Reddit.

Em suma, chegamos a um ponto delicado nos mercados em que muitos agentes exibem um certo receio de que poderemos ver um evento de liquidez em que tanto os ativos de risco como os de proteção comecem a caminhar na mesma direção. Foi justamente isso o que ocorreu em março do ano passado e que resultou na maior expansão monetária já vista ao redor do globo.

E é justamente por isso que - ontem mesmo - Janet Yellen, agora Secretária do Tesouros dos EUA, foi à CNBC dizer que o correto é pecar por excesso.

Assim, resumo a semana da seguinte forma:

Todos sabem que os ativos de risco já se valorizaram demais. Ao mesmo tempo, todos sabem que o Tesouro americano tem 1 trilhão de dólares em saldo excedente em sua conta TGA no FED - esse dinheiro deverá entrar no sistema bancário em breve. Todos veem sinais inflacionários surgindo ao redor do mundo (preço dos containers disparando, preço do petróleo e outras commodities subindo, escassez de semicondutores etc.). Além disso, tem outros trilhões vindo por aí associados a iniciativas de Biden.

O que poderá abalar o status quo? A resposta a essa pergunta eu não sei, mas acredito (eu atribuo elevada probabilidade) que o sintoma de uma mudança brusca poderá ser sentido inicialmente na relação entre o dólar e a moeda chinesa. Caso esta relação vá para acima de 6,50 iuanes por dólar, talvez seja um sinal para reduzir o risco de forma significativa!

Marink Martins

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