Um choque justamente no dia do vencimento de opções!

16/09/2019

Os ataques às instalações da empresa saudita Saudi Aramco não só afetam de forma imediata o preço do petróleo, mas jogam uma nuvem de incerteza no que diz respeito ao anúncio a ser feito pelo FED nesta próxima quarta-feira.

Há uma forte correlação entre o preço do petróleo e os indicadores de inflação. A narrativa que diz que os preços se manterão estáveis em meio as disrupções globais provocadas pela guerra comercial, e agora em meio a incertezas geopolíticas, está sob ataque. A expectativa é de que a instituição monetária norte-americana irá cortar a taxa básica de juros na economia em 25 pontos base.

O gráfico acima nos mostra quão correlacionado estão o preço do petróleo (linha vermelha) e indicadores de inflação (linha azul).

Ao olhar os indicadores de mercado nesta segunda-feira, a impressão é que estamos vivendo um movimento coordenado nos mercados. Afirmo isso pois o tamanho da disrupção é certamente digna de movimentos mais expressivos do que os que estão sendo observado neste exato momento. Fora a expressiva valorização no preço do petróleo, os demais indicadores associados ao bem-estar dos mercados parecem estar sob controle.

Tudo isso é muito estranho! Não se deixe enganar pela baixa volatilidade; ela pode estar sendo contida de forma artificial. Afinal o que estamos vendo é a maior disrupção já ocorrida no mercado petrolífero!

A grande surpresa para o mundo é que os EUA se mostraram vulneráveis diante do velho acordo de proteção à Arábia Saudita assinado em 1945. Na ocasião, o acordo entre o rei Ibn Saud e o presidente americano Franklin Roosevelt previa que enquanto os EUA protegerem o regime saudita, eles se comprometem a vender seu petróleo utilizando a moeda americana, a comprar armamentos dos EUA, e a manter a estabilidade do mercado petrolífero. Assim, os ataques deste fim de semana contribuem para que tal acordo seja questionado, a menos que os americanos demonstrem uma reação nos próximos dias.

O problema é que qualquer que seja tal reação ela tende a fazer com que o preço do petróleo suba, gerando incertezas para o cenário econômico predominante.

Agora trazendo para o cenário econômico doméstico, as consequências deste ataque impactarão a B3 justamente no dia do vencimento de opções. Uma valorização expressiva nas ações da Petrobras PN tende a espremer os vendidos e até provocar zeragens compulsórias em algumas corretoras. Na tabela abaixo temos os contratos de opções de compra fora-do-dinheiro entre os preços de R$26,77 e R$30,02. A expectativa é que uma parte destes contratos possam ser exercidos de forma surpreendente, provocando perdas expressivas aos vendidos a descoberto.

Curiosamente, hoje é celebrado o Dia Nacional dos Caminhoneiros aqui no Brasil. Será que a questão do frete voltará à tona e se apresentará como um risco para a narrativa otimista associada a precificação das ações da Petrobras? Será que o BNDES irá aproveitar a expectativa de valorização e eventual "corner" no mercado de opções para reduzir a sua exposição em bolsa?

Bem, tudo isso contribui para uma segunda-feira de elevado volume e volatilidade. E você, como vai agir? O seu foco está em explorar oportunidades de curto prazo ou você é um investidor de longo prazo? Pense nestas questões e proceda com bastante cuidado.

Marink Martins 

www.myvol.com.br