Um dia para calar os céticos!

27/10/2017

A super quinta-feira de resultados prometia e não decepcionou! O dia começou, conforme esperado, com Mario Draghi (presidente do Banco Central Europeu) tentando agradar a gregos e troianos; sinalizando um corte no volume de recompra de títulos para agradar os "céticos" e, ao mesmo tempo, deixando uma janela aberta para estímulos ad-infinitum em busca de agradar o "establishment". Notava-se uma certa tensão ao longo do pregão que me fez lembrar de um longo show no Central Park, em plena luz do dia, que, devido a ameaça de chuva, deixou seus participantes tensos e indecisos a respeito da realização ou não de sua última e tão aguardada apresentação. Alguns, já preocupados, ora olhavam para o relógio, ora olhavam para o céu. Todos sabiam que, em caso de chuva, não haveria taxi para todos. Os mais afoitos saíam na frente e garantiam um retorno seguro para suas respectivas casas. A grande maioria, entretanto, pagou para ver, à espera do tão aguardado show. Quando a celebridade subiu ao palco, e disse algo como "Vamos com tudo, faça chuva ou faça sol", o público foi à loucura! A intensidade foi tamanha que algumas nuvens até se dissiparam...

Bem, os resultados divulgados ontem após o pregão pela Amazon, Google, Microsoft e Intel tiveram um efeito parecido. Foi como se os participantes desta longa "festa" do setor de tecnologia olhassem para o "DJ", que se preparava para ir embora, e dissessem: "DJ, toca mais 2 horinhas pra gente!".

O brilhante Louis-Vincent Gave, de quem eu tanto venho falando ao longo desta última semana, nos conta que este mercado se apoia tanto na busca por "growth stocks" (ações do setor de tecnologia) como no retorno do crescimento econômico de países emergentes, em particular, os asiáticos. O que vimos ontem, através dos resultados divulgados lá fora, foram diversos sinais desinflacionários. A Amazon, conhecida como a "loja de todas as coisas" ("The everything store"), disse que vai entrar com tudo no segmento mais importante do varejo norte-americano, o segmento de supermercados ("groceries"). Este é um segmento responsável por vendas na casa de US$700 bi ao ano, representando aproximadamente 15% das vendas totais do varejo norte-americano. Tal comentário imediatamente fez com que analistas recomendassem a venda de ações da Kroger, a concorrente que mais tem a sofrer diante de tamanha ameaça. Em contrapartida, a Microsoft, que para muitos estava "morta", se transformou em uma formidável empresa focada em serviços, e agora é a grande ameaça à Amazon através de sua divisão Azure, que ocupa a posição de segunda maior empresa no segmento de computação em nuvens, justamente atrás da líder, a Amazon Web Services (AWS). Já a Google, em nome de um crescimento mais robusto, divulgou que os gastos de aquisição de clientes dispararam.

Tudo isso é lindo e representa o que há de melhor na economia norte-americana.

Já por aqui, também tivemos resultados importantes. A Vale arrebentou e a Ambev recuperou margens. O problema é que a primeira é uma "price taker"; isto é, seu preço é definido, em grande parte, pela demanda chinesa. Algo preocupante, pois muitos esperam que o segmento imobiliário chinês passe por um período de arrefecimento. Já a segunda, não conseguiu mostrar crescimento pelo simples fato de que este é inexistente, apesar de grande parte dos analistas tentarem convencer a população do contrário. Por isso reafirmo: Entre um título negociado no Tesouro Direto rendendo 7,5% ao ano e uma ação da Ambev negociando a um múltiplo de 24x seu lucro projetado para 2018, fique com a primeira opção (pelo menos para os próximos meses)!

Um bom fim de semana a todos,

Marink Martins, CNPI

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