Uma demografia perturbadora

23/09/2021

É impressionante a obsessão dos americanos com estatísticas. Talvez seja devido a paixão pelos esportes americanos que, certamente, exibem um menor nível de aleatoriedade quando comparado ao nosso futebol.

Nos mercados a estatística está por toda parte. Sabe-se que o mês de setembro é, historicamente, o mais negativo do ano. Por outro lado, dizem que o último trimestre do ano tende a ser bem positivo.

A estatística fascina, pois nos fornece uma espécie de conforto baseado em uma premissa de continuidade. O gráfico abaixo, por exemplo, nos mostra o retorno anual do S&P 500 nas barras azuis e as maiores perdas percentuais de cada ano ilustradas nos pontos vermelhos.

Observe que o gráfico nos mostra um certo padrão, uma certa repetição. No entanto, argumento aqui que esta é uma premissa um tanto perigosa. O mundo está vivendo profundas transformações. Dentre elas, destaco as mudanças demográficas.

Sabe-se que o processo de industrialização e urbanização da China trouxe milhões de trabalhadores ao mercado de trabalho, em um fenômeno que contribuiu demasiadamente para um cenário de deflação global.

Entretanto, como podemos ver no gráfico a seguir, este fenômeno está mudando de forma radical. Trata-se de um fenômeno global, afetando também a Europa, os EUA, o Japão e, até mesmo, o Brasil. Mas, na China, devido a existência da política de um único filho que durou por bastante tempo, a mudança demográfica é perturbadora.

No gráfico acima, temos o crescimento da população chinesa na faixa entre 20 e 59 anos de idade. Observe que entramos em declínio acelerado que deverá abalar o mundo. 

Por isso, te pergunto: será que, diante de todas as mudanças demográficas em curso, comparações gráficas de longo prazo fazem sentido?

Marink Martins

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