Uma estranheza que salta aos olhos

25/05/2022

Você já observou que o VIX (medida de expectativa de oscilação para o S&P 500) está bem mais alto do que a volatilidade implícita dos contratos associados ao BOVA11? Isso vem chamando a minha atenção. Neste momento em que escrevo, o VIX -- que é uma medida de VOL para os próximos 30 dias -- está aproximadamente 30%. Quando olho para o VIX de 3 meses, o vejo em um patamar próximo a 31%. Enquanto isso, a volatilidade implícita do contrato BOVAF108 -- cujo preço de exercício é de 108 reais -- está em 19%!

Não faz muito tempo, gravei um áudio para aqueles que acompanham o meu trabalho diário argumentando que VOL é sentimento. Argumentei também que VOL é consequência. Eu explico melhor.

Sobre "VOL é sentimento"...

Existem algumas formas de calcular a volatilidade de um ativo. Um dos métodos mais comuns -- aquele que capta a variação entre preços de fechamentos de um determinado ativo -- é falho em diversos sentidos. Tem dias em que o preço de um ativo sobe bastante e recua no final do dia, dando a impressão de um dia calmo para aquele que se manteve distante do mercado. No entanto, aquele que viveu e foi impactado pelo sobe e desce no preço do ativo tem uma visão bem distinta da métrica mencionada. Existem outras formas de cálculo que levam em consideração a amplitude e os GAPs. Dito isso, penso que a "volatilidade realizada" reflete um sentimento coletivo. Se posicione em um ativo, o acompanhe "tic by tic" e saberás do que estou falando.

Sobre "VOL é consequência"...

Aqui me refiro ao posicionamento dos investidores mais influentes (os "mãos fortes" dos mercado) nos contratos em aberto. É difícil ir contra o "mão forte". Ele é bem informado e tem muito mais musculatura financeira. Sendo assim, muitas vezes a volatilidade implícita de um contrato pode ficar bem acima ou abaixo da realizada em função da influência de um grupo de investidores.

De volta ao título... consigo compreender com mais facilidade o fato do VIX estar próximo a 30%. O que penso ser estranho é o fato do IBOV estar com um VOL de primeiro mundo. Uma explicação é que parte da volatilidade foi transferida ao câmbio. O câmbio flutuante, em tese, absorve choques na economia. E ele tem oscilado bastante; não só por aqui, mas em boa parte dos países emergentes.

MAS, não devemos ignorar que o dito primeiro mundo (EUA) está mais volátil. É tempo de correção de excessos! A surpresa está na resiliência vista nos mercados emergentes; em particular, o brasileiro.

Marink Martins

www.myvol.com.br